Hoje, especialmente, compreendo as palavras de Santa Teresinha que um dia afirmou que alegria e dor viviam juntas em sua alma.
Acredito que ela tenha se referido a essa mescla de sentidos que, sendo dolorosos, não tiram do outro sua força e beleza. A alegria não é ofuscada pela dor, e nem tampouco a dor diminui pela alegria. Ambas coexistem, coabitam, dividindo a alma em duas, mas ambas inseridas igualmente na totalidade do ser.
Aquele que conseguisse expandir-se e abarcar a totalidade da existência com seu ser, abarcaria o mundo inteiro com sua dor e sua alegria. Ambas habitariam no mundo como na alma habitam. Mas ora, já é assim que as coisas são? Uma percepção básica da realidade já não é capaz de bem demonstrar a dicotomia entre dor e alegria, bem e mal, que existem no mundo?
Isso não é, no entanto, uma afirmação maniqueísta da coisa. Não, isso não significa dizer que tudo se resume entre a dor e a alegria, o preto e o branco, mas dizer que ambas as cores se misturam em diversas formas, dando ao mundo um espectro cinza. O mundo não é dor ou alegria, mas dor e alegria, em diversas proporções.
Como diz a música, após a dor vem a alegria, e depois mais dor, e mais alegria, e assim segue a sinfonia da vida, cantando vitórias e derrotas numa profusão melódica única, incomparável e poderosa demais para se escapar dela, e assim romper o ciclo.
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