domingo, 10 de dezembro de 2017

O que se esconde no olhar

A multidão é uma ilusão. Ilusão que nos leva a crer estarmos rodeados de pessoas, quando na verdade estamos todos, e cada um de nós, completa e absolutamente isolados numa realidade mental tão particular e tão pessoal que é praticamente impossível estar em companhia de outra pessoa, não importa quem seja.

O outro não é capaz de ver o que se passa em nosso coração, ainda que o digamos, e nós também não o somos. Vemos uma pessoa na rua, as vezes ganhamos dela um sorriso, um cumprimento, ou até mesmo um abraço atrapalhado. 

Podemos considerar essas ações das mais diversas formas possíveis. Como um simples gesto de educação, o que geralmente é, ou um ato de carinho e consideração, o que geralmente penso que é. Mas no momento daquele sorriso, daquele abraço, não podemos saber o que se passa nele naquele momento, nem podemos esperar que ele compreenda as explosões que no nosso íntimo se dão.

Assim foi um abraço que ganhei hoje. Que numa fração de segundo despertou em mim poderosas explosões, mas que no plano exterior não passou de um mero cumprimento formal. O mundo seguiu girando normalmente depois disso, embora o eixo de minha órbita tenha sido completamente deslocado. 

Gostaria de naquele momento ter compreendido o sentimento dele por mim, se é que havia algum. O que será que ele pensou, no breve momento em que meus braços o envolveram? Ou quando meus olhos fitaram seu doce olhar cor de esmeralda? O que se passava em sua mente? Um conhecido fugaz? Quem sabe uma paixão escondida por detrás daquele olhar?

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