sábado, 23 de dezembro de 2017

Levando a vida

A necessidade de minha existência apenas se mostra na necessidade do outro. O outro apenas percebe o meu eu, não eu mas aparente eu, apenas na crise, na dor, do luto. É na necessidade do outro que minha existência ganha sentido.

Haverá em mim algum outro sentido? Haverá em mim alguma outra razão de ser, senão de ser pelo outro e para o outro? Será que a realização de uma pessoa está na realização do outro e não na realização de si?

Sou como uma ferramenta, uma arma, desembainhada apenas em momentos de necessidade. E o que é uma espada embainhada senão uma espada morta, incapaz de cumprir seu propósito? 

Também sou uma espada, porém embainhada, incapaz de servir a qualquer propósito. Apenas sou recordado quando de mim precisam de algo, e mesmo quando me afasto, vejo que sou facilmente substituível. 

Ou seja: não há sentido em minha existência. Não há razão para apenas vagar por aí, sem rumo, sem propósito, sendo que meu único propósito é não ser inútil ao próximo, mesmo sendo o mais inútil de todos. 

Por isso sou apenas o amigo que ajuda. Não sou lembrado nos momentos de alegria, ou nas confraternizações, mas apenas na aflição, quando se torna minha obrigação ajudar e, mesmo que pra isso tenha de me sacrificar, até mesmo morrer. 

Sim, de fato é uma forma patética de levar a vida!

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