quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Monstros e rodas: Retrospectiva 2017

Com o fim do ano se aproximando o pensamento retrospectivo é quase inevitável. Seja motivado pelas listas com propostas de mudanças e transformações ou pelas retrospectivas propriamente ditas, é inegável que dezembro traga consigo uma aura nostálgica, que tende a nos fazer refletir, e inteligir o que se passou, o que fizemos e deixamos de fazer.

Não pretendo olhar o post do ano passado que escrevi sobre isso para não me deprimir ao ver que não cumpri as metas que estabeleci, se é que o fiz, mas mais uma vez buscarei pensar no que seu durante esse ano, e no que está dentro da possibilidade de mudança.

Recordo que 2016 foi um ano de terríveis decepções, onde mergulhei na mais profunda angústia, e ainda em boa parte de 2017 foi assim. Mas esse ano aprendi a viver com a dor, e sorrir apesar da dor, o que considero ser um sinal de amadurecimento, ou desespero.

Esse ano eu compreendi, ou ao menos comecei a fazê-lo, que não é necessário nada que venha do outro para me fazer feliz, e que a expectativa é mãe da decepção, e sua única causa e razão. Aprendi que ajuda pode vir de onde menos esperamos, e que a traição pode vir da mesma mão que um dia nos ergueu do chão, do lamaçal, de nosso abismo interior.

Quanto a isso, me vi completamente entregue a uma nova amizade, não necessariamente nova mas cuja real aproximação só se deu esse ano, e que contribuiu para que eu encontrasse uma centelha de esperança na vida. Amizade essa que meses mais tarde se provou completamente desequilibrada e perigosa.

Talvez a minha maior, ou a única, conquista tenha sido a percepção. Percebi que nem todos querem, ou são capazes, de ajudar. Percebi que algumas coisas são passageiras, e que essa característica delas não diminui a sua importância, mas apenas não foram feitas para durarem eternamente. Aceitar isso é um passo rumo a felicidade, ou ao menos rumo a paz interior.

Ah... Paz interior! O quanto lutei para alcançá-la e, ainda que de modo imperfeito, penso já conseguir vislumbrar ao menos sua silhueta no horizonte do amadurecimento.

Percebi que o mais doce olhar de carinho e ternura pode se transformar em ódio e desprezo, e percebi que pessoas geralmente boas podem revelar-se tão cruéis quanto os assassinos das grandes histórias macabras que assustam o imaginário do povo. O monstro pode, e quase sempre o faz, se disfarçar de homem, e sendo homem doce nos leva a uma morte amarga. O mesmo monstro que nos mata pode habitar também em nós. E percebi que também sou capaz do mal.

Talvez o monstro seja a figura que melhor defina esse ano, ao lado da roda da fortuna, muito embora sobre essa última eu pouco tenha falado, mas ao mesmo tempo ela esteve presente e se fez em cada um dos dias que vivi.

O monstro simboliza o homem bom, que esconde dentro de si uma vontade maligna e um descontrole total. Descontrole que, admito, me possuiu por grande parte do tempo, resultado das muitas tentativas de me encontrar em meio ao caos. Mas o caos não pode ser organizado, e nós somos o caos.

Mais uma vez os benzodiazepínicos se mostraram a melhor companhia, e talvez a única a não decepcionar. Infelizmente não posso dar a eles o destaque que merecem, afinal, pra isso deveria andar com uma camiseta a todo tempo dizendo que só sobrevivi graças ao Rivotril e o Lexotan (sem esquecer o Diazepan).

Pois bem, o ano que se passou foi difícil, marcado pela superação. Foi um ano de monstros, altos e baixos, lágrimas e sorrisos. Foi um ano vivido, no sentido total da palavra!

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