quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

A Serpente obsessiva

Me preocupo com a forma obsessiva em que penso em você. A frequência e a força com que minha mente, e meu coração flutuam até você, é deveras sufocante. 

Eu costumava pensar que, se meu sentimento fosse puro e sincero, ele iria alcançar você de algum modo, se fosse paciente e perseverante, e continuasse sendo o melhor que posso para você, conseguiria sua atenção e consequentemente seu coração. Pensava que, se fosse o melhor amigo possível para você, poderia me tornar algo mais.

Acreditava que um amor era um amor, independente de quem fossem os envolvidos, e que só importaria quem somos por dentro. Esperava que ao alcançar seu coração, perceberia que posso ser para você mais que um amigo. 

Mas isso não aconteceu.

Não poderia estar mais enganado. Não poderia estar mais preso num conto de fadas. Acorrentado pelas minhas próprias convicções. As convicções de um bobo, apaixonado, incapaz de enxergar a verdade, a realidade, bem a minha frente!

Não percebia que agindo dessa forma apenas servia de escadaria para aquelas que realmente serviriam a você. Eu seria um mero degrau, para a acensão delas. O ajudaria com seus dilemas existências e suas crises morais, e quando estivesse bom, seria largado para que ficasse com quem realmente pode te fazer feliz.

É a velha história da serpente que, rastejando pelo chão, sonha em voar pelo alto céu. E rastejando pelo chão, apenas observava a águia voar, sem  que com isso percebesse que não sou uma águia, mas apenas uma serpente, vil e venenosa. 

E agora? O que me resta fazer? Mudar o meu modo de ser e sufocar o que sinto até que já não sinta mais nada. Ou apenas continuar sendo o que sou e, calmamente sentado na praia, contemplar a onde de destruição que o futuro faz avançar por sobre mim? 

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