segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Sobre uma existência diferente

Eu sou diferente de todos os outros, pois é impossível que exista alguém com as mesmas experiências que tive, e ainda que fosse possível que houvesse mais alguém com essas experiências, elas não se dariam da mesma forma como se deram em mim por essa pessoa não possuir as mesmas predisposições que eu possuo ou possuía quando as experimentei.

Isso me torna único. As experiências que tive, com as pessoas que conheço e com quem criei laços moldaram quem sou, e continuam me moldando, assim como de alguma forma a minha existência também molda a personalidade de o eu daqueles que estão ao meu redor. 

Essa é uma das poucas verdades que aceito em minha existência. 

Essa diferença entre mim e o outro, diferença essa atestada pelo contraste entre eu e o outro, é constada na afirmação de que eu não posso ser como o outro, nem tratado como ele. A diferença é algo intrínseco a todos nós e é a diferença que dita quem somos e o que fazemos. 

Mas a diferença também machuca, pois o processo de diferenciação do Eu é demasiado doloroso em sua base. Constatar as diferenças é notar a todo instante o espectro das possibilidades e impossibilidades que se ergue a frente da existência humana. E isso é, para mim, algo tragicamente doloroso.   

Notar que não sou o outro dói. Notar que não posso ser como o outro dói mais ainda. Notar que as minhas incapacidades são maiores que minhas capacidades é algo deveras assustador pra minha existência de compreensão tão limitada e de aceitação mais limitada ainda. 

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