segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Num momento

O sol, ao longe, foi sumindo, se enfraquecendo, e aos poucos a escuridão foi nascendo. As trevas trouxeram consigo a brisa fria, e essa frialdade a me tocar o rosto me remeteu a um olhar. Um olhar que escondia maldade e eu fingia não saber, um olhar trazia calor ao meu peito, mas que fui obrigado a esquecer. 

Agora chove na minha janela, e a água cai numa velocidade estonteante, quase a mesma em que os muitos pensamentos de antes pululam de um lado a outro em minha cabeça, reverberando cruelmente no meu coração.

Como a chuva que cai e depois escorre, também minhas lágrimas precipitam-se ao meu colo e depois somem, em direção a terra. Serão minhas lágrimas apaixonadas pelas gosta de água que caem do céu, e desejam elas se encontrarem na frialdade da terra? 

A beleza das gotas no ar, refletindo a luz como um cristal, dura apenas um segundo. Mas aquele instante de idílio da visão é suficiente para despertar no coração uma canção. Assim como as lembranças, de momentos que passaram num instante, mas que foram suficientes para despertar uma paixão.

Oh, quanta poesia num momento de escuridão. Quantas lembranças que, na tentativa de serem revividas, nos levam a depravação. Quantos pensamentos num momento de solidão. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário