Primeiramente vem de súbito uma onda filosófica quase incompreensível. Depois, quando os ânimos se acalmam e decanta-se as inspirações no fundo da alma, conseguimos dizer algo que verdadeiramente faça algum sentido.
Nos últimos dias tenho refletido bastante acerca de questões como a personalidade, a limitação da existência, o Eu... Em parte motivado pelas aulas de um curso que tenho e também pela reprise de Neon Genesis Evangelion, que sempre me rende umas boas doses de reflexão, após muita paranoia, claro!
O fato é que mais uma vez eu tenho notado o quanto o limite da consciência é algo prejudicial a nós.
Esse limite é o que, com base nos nossos processos históricos e predisposições gênicas, ditam quem somos, o que fazemos, como fazemos, do que gostamos ou não... Enfim, tudo o que somos é o que é com base na combinação desses dois fatores, que delimitam a nossa consciência. E essa é justamente a fonte de nossas dores.
O nosso Eu apenas consegue delimitar-se por comparação com o outro. Essa comparação se dá, principalmente, no convívio social, na troca de experiências, afetos e pensamentos. E é apenas por meio da comparação que o Eu distingue-se do outro.
Andando lado a lado com todos os outros o nosso Eu busca constantemente reafirmar-se, para si e para os outros, sob perigo de cair na despersonalização e assim virtualmente deixar de existir.
Isso, no entanto, é algo relativamente raro, pois o que geralmente se dá e a contínua reafirmação do Eu por sobre o outro. E aqui retomo o Dilema do Ouriço, descrito por Schopenhauer, e que mostra que o limite do nosso ego é na verdade como espinhos, que causam dor e sofrimento a nós e aos outros.
Como já descrevi isso longamente em vários outros textos, bem poéticos, diga-se de passagem, vou me limitar apenas a explicar os motivos que estão por trás da negação do Eu.
O desejo por trás da Instrumentalidade Humana, descrita na obra do meste Hideaki Anno, é a personificação da necessidade de recolher os limites da consciência de cada um. Baixando os escudos que cercam a nossa mente, e que delimita quem somos, a dor se torna inexistente, já que a úncia cosia realmente dolorosa no mundo é a relação entre vários egos que estão sempre a competir pela definição do próprio Eu.
Dessa forma, sendo todos um só Eu, não haveria mais dor e nem sofrimento, já que a expansão da consciência de cada um seria usada para preencher o vazio que habita o âmago da existência do homem.
Sei bem que a despersonalização advinda desse processo pode ser em si algo mais doloroso do que a própria existência real, mas convenhamos, sonhar com um mundo onde todos sejam Um é deveras tentador se você, assim como eu, sofre diariamente com as intempéries do convívio com o outro e que, não sabendo lidar com a dor de ser você mesmo, desejaria ser Um só com o todo.
Assim não haveriam mais escudos, nem ódio ao outro, nem consciência, nem opiniões dissonantes. Todos seriam um só, e Um só seriam todos...
Seria essa a existência ideal? Ao menos para mim, sim! Retornar ao útero primitivo, a unidade perdida tempos atrás é para mim, a única forma de existir. Todas as outras resultam em dor e sofrimento...
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