sexta-feira, 25 de maio de 2018

De novas (velhas) contradições

Acordei hoje absolutamente imobilizado. Levei horas para conseguir sair da cama apenas para voltar alguns instantes depois. Estou completamente exausto e até mesmo essas palavras me custam um esforço inimaginável para serem escritas. 

Meus braços doem como se tivesse carregado pedras por vários dias, sem nenhum descanso. Minhas pernas gritam em protesto como se tivessem corrido por dezenas de quilômetros numa areia molhada. Meu corpo geme em dores como se tivesse atravessado a nado toda a bacia do Rio Amazonas. Meus estômago dói. Meu coração bate descompassado, acelerando e desacelerando. 

Também minha mente experimenta essa estranha dicotomia entre pensar em tudo com uma intensidade psicótica e obsessiva, uma profusão absurda de pensamentos num fluxo interminável de paranoias, ideias... E poucos instantes depois já não consegue pensar em mais nada, mergulhando num abismo de torpor onde tudo é escuro, enevoado, onde nada tem forma, onde nada faz sentido, onde tudo o que se sente são os gritos desesperados e os gemidos de dor.

A contradição tomou conta do meu ser de tal forma que já não mais como definir quem sou eu e quem é a massa disforme de humanidade que não é mais do um amálgama bizarro de sentimentos tão contrastantes entre si que custo acreditar que poderiam se dar numa mesma pessoa. 

Há em mim o profundo desejo afetivo e luxurioso de sua presença. Uma necessidade não mais puramente afetiva, mas que já se manifesta fisicamente, fazendo meu corpo arder nos desejos mais torpes e sujos que meus instintos primitivos possam conceber. 

Do outro lado se encontra a vontade de não ver você. Um medo súbito que me acomete a simples menção do seu nome, e a um simples vislumbre da sua imagem o meu corpo se paralisa de medo e pavor. Pensar em ver novamente o seu rosto faz eu me contorcer de dor. 

Donde me vem esse medo em ver-te, se tempos atrás daria a vida por um vislumbre de sua beleza magnífica? Vem da constatação dolorosa de saber que essa mesma beleza nunca será minha, nunca poderá ser por mim tocada, nunca fará parte do meu ser. E essa constatação me corta o coração como aço frio. 

Quando você surge a minha frente, altivo, imponente, sorridente, o meu coração explode em deleite, e todas as forças do mundo me são necessárias para que eu não corra desesperadamente para me jogar dentro de seu peito, mergulhando no oceano de águas impetuosas do seu coração. A tensão que resulta dessa prisão voluntária a qual me submeto para não me jogar de cabeça num abismo cujo fim é o chão frio e duro da morte. 

Isso tudo se dá porque eu percebi que, mesmo nesse mundo, onde verdades absolutas são raras uma delas se destaca como sendo a mais intransponível de todas: Você não me ama. 

Você ama seus novos amigos, você ama as suas novas amigas, com quem divide as experiências que antes dividia comigo. Você ama estar longe de mim. Você ama tudo aquilo que não me envolva, e apenas por um resquício de responsabilidade, ou culpabilidade moral, ainda se dirige a mim. 

Viu o meu lado mais pessoal, viu a minha intimidade como nenhum outro, mas ainda assim, quando me derramei em lágrimas em seu ombro, não percebeu a minha presença, não soube pensar em mim que estava em seus braços, mas pensava nela, que não o merece, que não o amar, que não o quer. 

Esse vórtice infinito de dor e langor resultam na paralisia total do ser. Não forças para viver, nem para chorar, e nem mesmo restam forças para morrer. E isso é o fim!

Nenhum comentário:

Postar um comentário