segunda-feira, 14 de maio de 2018

Sobre a paralisia

Pensei que não iria conseguir me levantar hoje. Minha mente despertou logo cedo, assim que os primeiros raios de sol começaram a entrar timidamente pelas frestas da cortina e da porta, e tão logo as pessoas começaram a conversar na rua minha mente estava acordada. 

Meu corpo, no entanto, permaneceu ainda adormecido por várias horas. Não obedecia as ordens que dava para erguer-se, não havia em mim forças nem sequer para mover um braço. Não conseguia me virar, nem ao menos chamar alguém. 

Fui forçado a ficar ali, paralisado, sem conseguir me fixar em nada, e pensando em tudo ao mesmo tempo. Tive medo, de que fosse assim o meu fim, condenado a não mais me mover, e consciente da minha paralisia. 

Não sei o que tem me deixado assim, é difícil precisar já que venho tentando ignorar os problemas que não posso resolver, e por isso não venho sentindo que algo tenha me sobrecarregado, pelo contrário, sinto como se fosse livre pela primeira vez em anos. 

Tenho medo que essa paralisia retorne, pois sei bem que não se tratou de uma paralisia do sono comum, estava tão consciente que pude repassar na mente as coisas que agora estou fazendo. Não estava dormindo, realmente não conseguia me mover, e acredito que possa ter sido um reflexo físico da paralisia que minha mente experimenta em cada dia de minha vida. 

Não quero uma vida paralisada, quero uma vida viva, onde possa crescer, evoluir, melhorar. Não quero viver sempre preso a uma cama, imóvel, sem conseguir mexer um braço sequer. Não é essa a vida que quero para mim, não é esse o futuro que desejo. Não é assim que tem de ser, não é assim que eu quero que seja. 

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