quarta-feira, 23 de maio de 2018

Do desejo

O meu corpo hoje clama e contorce-se em dores de desejo pela sua presença. Minha pele se incendeia em um desejo insaciável do seu corpo. A simples imagem da sua beleza cor de bronze é suficiente para me paralisar os ossos até o tutano, enrijecendo-me os músculos numa súplica silenciosa que ninguém além de minha própria consciência consegue ver ou ouvir. 

A luxúria me domina completamente, e seus tentáculos ensandecidos me incendeiam a carne, consumindo meu eu como as chamas daquele dia de ira. Sinto como se fosse capaz de queimar todas as coisas do mundo e reduzi-las às cinzas, caso não mantivesse dentro de mim essa prisão vulcânica que é o desejo de ter você em mim. 

Mas o meu desejo não o traz a mim, e permaneço queimando sozinho, contendo a explosão que nasce de querer você aqui comigo. Já não é mais um simples querer, nem ao menos é um desejo apenas, mas tornou-se uma obsessão querer sentir você em mim, tornou-se motivo de dor e horror não tocar o seu corpo quente. Até mesmo minha imaginação tem sido alimentada pelo sonho de ouvir os seus gemidos em meu ouvido, sua voz embargada de desejo, seu corpo suado, vermelho e rijo do esforço para manter os nossos corpos tão entrelaçados que poderia muito bem crer-se que são apenas um.

Talvez esse seja o desejo mais profundo que há em mim: o de tornar-me um só contigo. O de estar tão próximo do seu peito quente que não conseguiriam nos separar nunca mais. A expressão dos corpos unidos é o último estágio da união perfeita entre dois homens que nunca mais serão dois, mas viverão eternamente no outro, sem precisar nunca mais clamar ou contorcer-se em dores de desejo.

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