sexta-feira, 11 de maio de 2018

O hálito doce da solidão

Eu me desfiz completamente em seus braços. Tudo as ruínas que ainda restavam do edifício da minha existência caíram de uma só vez quando minhas mãos trêmulas tocaram o seu dorso nu, e ao sentir seu calor pude sentir as minhas entranhas serem consumidas pelas chamas que vinham do seu coração. 

Naquele momento as minhas máscaras também caíram, e eu não era mais do uma massa disforme, lançada a esmo em seus braços de aço vermelho como o fogo. Até então nunca tinha tido um momento em que eu fora tão eu mesmo, sem tentar ser algo mais, próximo a você. 

Mas mesmo assim, naquele um momento de completa nudez emocional, você ainda não conseguiu me ver. Mesmo estando eu colado ao seu coração, em lágrimas e desesperado pelo seu amor, você ainda não conseguia enxergar que era que estava ali, e só pensava nela. 

Eu me lancei completamente em seus braços, e me derramei em lágrimas, desejando tão somente seu amor, mas mesmo assim você só conseguia falar dela, só pensava nela. E assim se deu a concretização do meu fracasso como pessoa. Essa é a minha sina. 

Meu corpo desejou partir desse plano da existência naquele momento. Partir assim, da forma mais patética possível, sem nada ter realizado, sem ter me tornado alguém que tenha feito na vida algo mais do que apenas sofrer por aqueles que sofrem por outros.

Quando me levantei dos seus braços, seu perfume e seu hálito doce haviam se impregnado em mim. Adormeci sentindo seu cheiro, como se ainda estivesse em seus braços, como se ainda estivesse contigo. Mas eu estava com você, enquanto você estava com ela. E o seu hálito quente ainda me arrepiava, me fazia suspirar, enquanto minha mente era lançada no vácuo da loucura que era ter a constatação de que apenas eu estava amando ali. 

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