sexta-feira, 18 de maio de 2018

Pequena recapitulação

É sempre um exercício interessante olhar o passado e ver o quanto mudamos em relação ao presente, e o que isso pode significar em relação ao nosso futuro. É certo que tenho feito isso com uma certa frequência nos últimos anos, e ainda mais nos últimos meses, o que significa que tenho passado por um período de constantes mudanças, em contraste com as transformações que antes levavam anos para se tornaram notórias. 

Sei que me tornei quase que totalmente oposto ao que era em maio do ano passado. Se naquela época o que mais se via em mim era o desejo ardente de ajudar o outro e de fazer o outro feliz independentemente do que acontecesse comigo, agora eu quero me concentrar em mim, e é isso que tenho feito.

Obviamente não sei se haveria uma forma de fazer isso, ou até mesmo de dizer isso, sem parecer essencialmente egoísta, e sem o ser de fato em algumas de minhas ações. A dicotomia que agora se observa em mim é a da contradição absoluta. 

Me tornei livre de algumas das amarras que me prendiam, ao passo que me agarrei mais fortemente a concepções que antes me eram praticamente estranhas. Por exemplo, o silêncio que agora para mim tornou-se caro, precioso, é objeto de minha maior devoção, em oposição ao que eu antes faria, sempre na tentativa de ajudar, deixando de lado a minha própria necessidade de silêncio.

Tornei-me apegado demais a uma pessoa que antes não significava tanto para mim, e o medo de perdê-la tem sido meu maior terror nas últimas noites. Mas o que posso fazer? Me livrei de algumas amarrar e me atei a novas correntes...

Dizem (não sei quem disse isso) que o amor é como a tosse, não pode ser disfarçado por menor que seja. E vejo o quanto isso é uma verdade em minha vida. Eu sou a pessoa que fica visivelmente diferente quando apaixonado, e ainda mais diferente quando algo em relação a essa paixão me incomoda. Fingir que tudo está bem é algo que eu nunca aprendi a fazer, e me pergunto se há em mim essa possibilidade.

Sinto-me então um pouco culpado pelo egoísmo que se tornou minha marca registrada, e questiono se não seria esse mesmo egoísmo o responsável pelo afastamento daqueles que amo. É um padrão que observava enquanto caminhava pelas calçadas de uma cidade vizinha hoje pela manhã. Todas as vezes que eu me apeguei, me dediquei e tentei fazer com que alguém ficasse ao meu lado eu acabei sendo abandonado por essa mesma pessoa. Talvez devesse, com base nisso, usar da lógica contrária, e não me apegar, não tentar fazer ninguém ficar.

As linhas acima mostram o quanto os tempos tem sido confusos para mim, aliás, talvez confuso e contraditório sejam as únicas palavras que possam explicar o que tem se passado comigo. No entanto eu já não me desespero mais, pois  venho tentando não me incomodar com o que está acima das minhas capacidades. Ao menos isso mostra um pequeno amadurecimento de minha parte, será? Ou tenho confundido amadurecimento com enlouquecimento? De fato as situações em que me sinto completamente apartado das minhas faculdades mentais se multiplicaram e com frequência eu sinto que já não sei o que estou fazendo da vida, e não sei mesmo...

Bom, é irônico notar isso, mas eu não acho que o exercício tenha servido para muita coisa além de mostrar um tipo de status quaestionis da minha confusão mental... Mas talvez ainda seja melhor do que nada... Talvez! 

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