terça-feira, 4 de junho de 2019

Da admiração obsessiva

Sabe, eu queria que você pudesse me entender, que ao menos tentasse me compreender... Que olhasse para mim com atenção, que entendesse os pequenos sinais que há em nós... 

Você é uma das pessoas que mais admiro, detre todas as que conheço. E dentre todas poucas me fascinam tanto quanto você. Já me disse que não quer que eu tenha esse movimento em sua direção, mas como posso não me admirar com você se é sempre tão incrível em tudo que faz? 

Isso me deixa fascinado, te ver cantar, te ver liderar, ver a facilidade com que você supera as dificuldades... É encantador, e hipnótico, ver que perto de mim existe alguém tão incrível assim. Mas, além de ficar feliz com o seu progresso constante, também se revela um lado obscuro meu. Toda vez que vejo alguém incrível assim eu só consigo contrastas com a minha inferioridade absoluta. Toda vez que vejo alguém tão bom em tudo o que faz eu sinto como se não houvesse necessidade de mim ali.

Racionalmente eu sei que isso não é verdade. Não foram raras as vezes que percebi que estávamos em plena igualdade, mas ainda assim, algo em mim continua me empurrando constantemente pra baixo, sendo esmagado pelo peso das minhas obrigações que sou incapaz de cumprir com a mesma maestria que você. 

É sufocante... 
Humilhante...

Deveria correr atrás então da mudança, do meu progresso, mas será que conseguirei me igualar, há a possibilidade de ser tão bom quanto? Afinal, a vida é feita de pessoas quem vencem, de pessoas que perdem e de pessoas que cantam a tristeza, e que nem isso fazer direito...

Meu fascínio também se transporta para outras áreas de meu coração e, mesclando-se a carência, faz-me admirar mais do que apenas suas habilidades, mas também sua aparência, sua personalidade, o que me torna perigosamente vulnerável a outra desastrosa experiência amorosa de via única, onde tudo ocorre apenas na minha cabeça.

Deveria então fugir, correr e me esconder de você, mas algo em mim insiste em permanecer ao seu lado, em implorar pela mínima demonstração de afeto... 

Seria admiração ou o início de uma nova obsessão? 

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