quinta-feira, 6 de junho de 2019

O trabalho de Sísifo

Pensava que seríamos apenas eu e você, quem sabe passar a noite juntos, bebermos e sorrirmos juntos... Mas acho que não será possível. Acho que alguma coisa não quer que fiquemos juntos, não quer que nos aproximemos. Acho que nossas estrelas nunca deveriam terem se cruzado. Destinos apostos, vidas nas antípodas da existência. Eu só queria alguns momentos a sós com você, quem sabe te conhecer um pouco mais, ver um pouco além do véu que recobre sua face e esconde seu ser... 

Não sei por qual motivo insisto em ir contra os desejos daquele que plasmou nossos caminhos. Não deveria sequer pensar em ir contra esse oceano do destino que continua brincando com meus sentimentos, deveria apenas abaixar a cabeça e assentir silenciosamente e obsequiosamente ao fardo pesado que me é imposto: desejar sem nunca jamais poder tocar. Sou como Sísifo, aquele que foi forçado a carregar uma enorme pedra montanha acima, mas quando chego perto de meu objetivo ela é atraída novamente para baixo, invalidando totalmente meu trabalho. 

Eu, um condenado a um trabalho eterno, de nunca chegar ao fim, de nunca cumprir com meus objetivos. Eu, o novo Sísifo, condenado a sempre amar sem ser amado, condenado a amar sem sequer poder me aproximar do objeto amado, condenado a carregar um pesado fardo sem nunca ver findo o meu trabalho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário