segunda-feira, 3 de junho de 2019

Loucura

Corpo e mente debilitados. Infelizmente a profundidade da experiência humana por trás daquilo que sinto é tão grande que transcende e muito a minha capacidade de descrever, me restando apenas esboços disformes de impressões. 

Sinto como se eu tivesse sido agredido ferozmente por algozes sedentos de minha vida. Meus rins pulsam e protestam, como se tivessem colocado brasas ardentes dentro de mim. Minhas pernas não respondem bem aos meus comandos, como se tivesse corrido uma maratona inteira enquanto dormia. Minha cabeça está processando menos do que o normal e sequer consigo rastrear com precisão de onde vem tudo isso, esse tsunami de pensamentos desconexos, de impressões e de expressões de todo tipo. 

Sinto a tristeza de não conseguir fazer compreenderem meu amor pelo que é belo, justo e verdadeiro. Sinto a tristeza por ser incompreendido ao buscar a verdade. Sinto a tristeza por ver aqueles que amo buscando suas respostas na antípoda da verdade, preferindo o engodo e a mentira, a enganação... Me sinto como se fosse o idiota a quem ninguém da atenção. Me sinto excluído até mesmo das minhas relações mais íntimas, como se fosse absolutamente incapaz de compreender quem está ao meu lado, e como se quem está ao meu lado não conseguisse ver quem sou de verdade. 

Aquilo que busco o faço por conta própria, o meu amor é a verdade, mas os outros parecem se contentar com aquilo que lhes dá o prazer momentâneo. Ficam sujeitos a sugestão e ao transe e com frequência se alegram nas experiências de histeria coletiva. Se alegram no engano, se encontram na mentira. Como ainda busco eu mesmo sair desse mundo de aparências não posso trazer ninguém comigo, o que me lança numa solidão sem precedentes. Me refiro a solidão em meio a multidão, a solidão de estar rodeado por pessoas que são incapazes de me compreender. Talvez seja eu o responsável então por compreender a forma inferior de vida que essas pessoas levam, talvez eu é quem tenha a obrigação moral de aceitar que nem todos podem ver a verdade. 

Acho que daí vem as minhas crises. É o meu eu querendo enganar-se em confronto com o eu que busca a verdade. Esses dois lados batalham dentro de mim, um buscando o conforto da aceitação e o outro a constante inquietação da busca pela verdade. Daí as dores, a fadiga, os medos... Daí me sentir sempre um completo desconhecido, as vezes para mim mesmo, pois para aqueles que se encontram no engano, a verdade é apenas uma loucura diferente da deles. 

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