sexta-feira, 7 de junho de 2019

Da companhia

Minha companhia não é o bastante. Eu sou insuficiente. Seja para você ou qualquer outro. Incapaz e insuficiente. Eu acho que sou um erro. Algo que deveria ter sido e não foi. Me falta algo. Algo que faça os outros quererem ficar ao meu lado de verdade, algo que faça os outros me entenderem. Eu sou um erro. Incompleto, insuficiente, incapaz. 

Minha companhia não é o bastante. Você teme ficar sozinho comigo. Ninguém quer caminhar a noite ao meu lado. Eu sou insuficiente para você, assim como fui pra ele e assim como sou para todos os outros.

Queria ficar a sós com você, mas essa possibilidade não o agradou. Ninguém se agrada com minha companhia. Sou uma ave que voa solitária pelo céu gelado. Não há bando em que me encaixe, todos foram em busca de terras mais quentes. Eu sou insuficiente, minha companhia não é o bastante. E, como não tenho mais nada a oferecer, a minha sina é ficar sozinho, apenas quieto, observando enquanto os outros, aqueles que são suficientes, vivem uns com os outros. Minha companhia não é o bastante, eu sou insuficiente.

Minutos depois:

Ainda sozinho, ainda insuficiente.

Mesmo com o efeito do álcool me desequilibrando, ainda me sinto excluído, por fora. Como se algo de fato faltasse em mim...

O que falta em mim? 
Donde me vem essa imperfeição? 
Não serei nunca como os outros: 

completo, 
feliz, 
realizado? 

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