segunda-feira, 24 de junho de 2019

Do ser

Desânimo. 

Completamente sem forças para qualquer coisa. Olho ao meu redor e tudo o que vejo é o nada. Nada que me faça sequer ter o mínimo brilho da vida. A cada minuto a minha existência se torna mais pesada e mais dolorosa. Não vejo razão, não vejo futuro. A cada noite eu me deito pensando se haverá um amanhã, e uma grande parte da minha vontade gostaria que não houvesse. Isso porque não vejo razão no meu ser, não vejo motivos para essa existência, o mundo não me parece mais do que o caos quase absoluto, sendo que as coisas certas nele me incomodam profundamente.

Levantar cedo, trabalhar e encontrar pessoas absolutamente desinteressantes em todos os sentidos. Chegar cansado, tentar dormir um pouco antes de retomar as atividades, dormir cedo pois no outro dia o ciclo recomeça.  Não há nada de bom em mim. É só isso? Não é possível que a vida seja só isso. Mas é tudo que a vida tem me oferecido. Não me sinto capaz de compreender os outros, e nem os outros me compreendem.

Sinto como se meu coração tivesse sido moído, esmagado, estraçalhado, na esperança de que dele saísse algo, mas nada saiu de mim. Já não vejo graça nas reuniões dos amigos. Não vejo graça nas risadas gratuitas e nem nas mesmas musicas de sempre. Alguma música já se repete pela décima vez no player, e eu já não sei mais o que estou escutando. Não vejo graça, nem razão de serem, de ser. O mundo perdeu o brilho, tudo é cinza, cinza como o céu triste e frio que agora se mostra pela janela do meu quarto.  Não, isto está errado. Eu vejo muitas pessoas que enxergam a vida com todas as cores, eu é que perdi a capacidade de enxergar!

A cada dia me sinto menos homem e mais fera, a cada dia sinto que pertenço menos a esse mundo.  Não há espaço para mim aqui, nem mesmo no meu próprio quarto, nem mesmo em meu próprio corpo. Não há lugar no mundo para alguém como eu... Não me encaixo aqui, e nem em um outro lugar. Sou um vagante, sem rumo, sem destino e sem perspectiva alguma de futuro. 

É esse o sofrimento humano, o do vazio no âmago do coração do que nos assusta desde o primeiro pensamento? Talvez minha programação tenha sido corrompida, talvez eu tenha vindo com algum tipo de defeito pois não consigo me encaixar, não consigo ser na plenitude da palavra. Continuo sendo apenas uma casca, apenas uma figura de algo que talvez já tenha sido um dia, ou que deveria vir a ser... 

Mas o que eu deveria ser?
O que eu sou? 

Quem sou eu? 

Eu sou?

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