sábado, 8 de junho de 2019

Do fim do medo

Ontem eu senti medo, muito medo, de ficar sozinho. A tarde vinha caindo, o sol se pondo e sua luz se escondendo e eu fui ficando com medo. Não quero mais ficar sozinho a noite, a noite é fria e vazia . O medo foi crescendo, me sondando com seus tentáculos gelados, cada vez mais. Eu me deitei e chorei, na tentativa de fazer abafar o sibilar do medo com meu gemido, como se minhas lágrimas pudessem levar para longe tudo o que pode me machucar.

Temia os pensamentos que viam se prenunciando. Desde algumas semanas atrás... Um desejo crescente de desaparecer, de sumir, de largar todas as coisas e tentar a vida em outro lugar, onde a solidão quem sabe não me afetasse tanto. Mas a solidão iria comigo, não me abandonaria. Eu não queria pensar em nenhum momento em ficar sozinho com meus demônios interiores. Não queria o silêncio, mas ao mesmo tempo não queria o barulho de maneira alguma. Fiquei ali no escuro, ouvindo um piano bem longe, e sentindo essa luta, entre querer ficar só e o medo de ficar só. 

Pedi por socorro, pedi ajuda. Não podia ficar sozinho, ou morreria. É uma guerra que não poderia travar sozinho.

E a ajuda veio, não fiquei sozinho. Como o sol nasce lentamente da aurora eles foram surgindo, anjos de luz, com suas vozes preenchendo não só o ambiente mas também o meu coração. E eles começaram a voar ao meu redor, e me tiraram daquela escuridão em que estava e até mesmo a escuridão que havia no meu âmago se dissipou ante aquela resplandecência. 

Eu consegui rir e sorrir, ganhei um abraço. Aquela ameaça se silenciou. No fim da noite fui dormir com o coração quentinho e satisfeito. Já não tinha mais medo, já não me sentia mais sozinho.

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