quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Sobre a estação das chuvas

Desde que me lembro eu gosto da chuva... O som das gotas pesadas batendo nas telhas é uma deliciosa sinfonia, a melhor companhia e a garantia de uma noite profunda de sono. A chuva sempre me embalou a dormir melhor, seja pelo som poderoso dos trovões, as luzes brilhantes dos relâmpagos ou o ar mais fácil de respirar... E sempre gostei da chuva! 

Por isso não posso me furtar a falar dela sempre que chove. A chuva é um milagre nesta terra árida onde vivo. Ela aplaca o calor e nos presenteia com a umidade tão cara as nossas mucosas maltratadas pela seca.

A chuva é ainda um convite ao romantismo. Basta olhar o céu nublado para imaginar mil histórias de amor. Declarações, lágrimas, noites de paixão. Tudo é recordado pela chuva. Quantas noites eu me lembro agora, quantos momentos de intensa alegria ou da mais absoluta tristeza... Me lembro de chorar sozinho no carro, depois da missa, e me lembro de sorrir com amigos enquanto esperávamos a chuva passar. Eu tenho a impressão de que é como se o céu chorasse a morte de um grande e honroso guerreiro, ou como se desse aos homens um convite a persistirem por mais uma estação. 

A chuva é também poder. Quem se atreve a opor-se a fúria de uma tempestade?  A chuva é carinho, é um acalentar do alto a terra em delicadas gotículas no chão. A chuva é um presente de Deus a humanidade ensandecida no próprio pecado.

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