quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Sobre ser feliz e sozinho

Onde está aquela antiga alegria singela? Onde está aquele meu riso sincero que abria toda vez que ouvia uma música do Super Junior? Houve um tempo, tão distante que hoje não é mais a sombra de uma lembrança eu que eu era feliz. Feliz de algum modo. 

Sei que não era feliz o tempo todo. Eu sofria. Mas não havia isso que me acontece agora, não haviam vozes na minha cabeça e não havia essa sombra escura pairando sobre a minha cabeça. Me lembro de sorrir ouvindo musica, e de repetir a mesma faixa várias e várias vezes, e de cantar cada faixa num coreano enrolado que não significava nada. 

Mas quando isso se passou? Quando foi que me esqueci o que era ser feliz e passei a só reclamar da vida, me queixar das desgraças que recaem sobre mim? O que foi que me roubou de mim? O que me roubou minha alegria?

Eu tô cansado de procurar alguma coisa que eu não sei o que é. Isso tá me deixando maluco. É como se faltasse alguma coisa dentro de mim e eu nem sei o que é!

E eu vejo as pessoas sorrirem, cada uma a sua maneira, parece que todo mundo sabe o que fazer da vida, parece que todo mundo tem um objetivo e eu não tenho nada disso. Isso faz eu me sentir um completo inútil, não sei quem sou e nem pra que eu sirvo e vejo que as pessoas nem sequer precisam de mim.

Meu celular está cheio de mensagens de gente me pedindo coisa, me dando compromissos e obrigações e eu tenho que fazer tudo, senão sou ruim, sou preguiçoso, não quero ajudar. Mas na hora de sair, de sorrir numa roda de amigos, ninguém se lembra de mim. Eu só sirvo pra estender a mão, só pra isso, pra jogarem coisas que ninguém mais quer fazer nas minhas costas.

Eu não sirvo como companhia. Vejo o desprezo no olhar as pessoas, elas me toleram, não gostam de mim, a maioria tem nojo de mim! Meus amigos são os primeiros a se esquecerem de mim, mas quando precisam de algo são os primeiros a me ligar de madrugada pedindo ajuda. É só pra isso que eu sirvo? Não tenho nenhum valor real? Como posso viver uma vida sem sentido pra todo sofrimento que acontece?

2 comentários:

  1. Quando li seu texto cheguei a profundas reflexões. Irei compartilhar aqui um pouquinho do que me passou na cabeça quando li, espero que estes devaneios lhe sejam úteis de alguma forma, o mínimo que seja me faria grato por ter compartilhado.

    No momento me encontro em uma situação semelhante a sua de alguma forma. Mas cheguei a conclusão de que quando vivemos sem ter objetivos delimitados ficamos a mercê do acaso, das pessoas que nos rodeiam e de nós mesmo, perdidos, como se não houvesse lugar para nós neste mundo.

    Infelizmente as oportunidades parecem não existir, difícil aceitar que na verdade quem cria as oportunidades somos nós mesmos. Mas como sair da inércia? Da sobriedade vazia do cotidiano que se apresenta como fútil e vazio.

    Me pergunto, para onde foi aquela criança curiosa do passado? sempre pronta para aprender o novo, cheia de esperanças e anseios pelo futuro. Quando foi que esse brilho desvanceu até chegar ao adulto chato de hoje.

    É irônico, quanto mais precisamos das pessoas mais difícil fica de se relacionar com as mesmas, afinal o que você tem a oferecer?

    Viver realmente não é fácil, é preciso investir esperando prejuízos e ainda aprender com os erros. E não ache que ao se abster de expectativas e anseios irá dar cabo às angústias e frustrações, pois se o fizer deixará de gozar da vida.

    Viver é como andar em uma corda bamba, não se pode pender muito para nenhum lado, é preciso se alinhar e lidar com as adversidades que vêm de várias direções diferentes.

    No momento, tracei como objetivo e meta de vida uma caminhada em direção a mim mesmo, visando o autoconhecimento verdadeiro, este que constantemente se ofusca através de nossa própria percepção distorcida.

    Talvez eu não ache as respostas que procuro, mas morrerei tentando. Não posso viver uma vida de arrependimentos e de incertezas, terei de pagar o preço para tentar. Para mim, mais vale correr o risco do que me sujeitar a monotonia.


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    1. Obrigado pela sua reflexão, achei de uma profundidade ímpar. Parece mesmo que consegue entender o que se passa comigo, embora ache que você já deu passos bem mais significativos que os meus.

      Venho tentando equilibrar essas coisas, as descobertas sobre mim e o desencanto com o mundo, a desesperança para com as pessoas, e tem sido um trabalho árduo. Como você bem disse, quanto mais precisamos das pessoas, mais difícil é se relacionar com elas.

      As vezes prefiro fugir, me esconder, talvez seja um reflexo da criança covarde que fui e que nunca deixei de ser. Tento encontrar, de alguma maneira em algum lugar, alguma razão de ser, já que essa sensação de estar a deriva me é absolutamente nauseante!

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