domingo, 13 de setembro de 2020

Fim de tarde olhando o mar

Eu nem sei como começar isso, tamanha a minha vergonha de mim mesmo... Eu tinha prometido a mim mesmo que isso não ia se repetir, que agora iria cuidar de mim a ponto de não me deixar passar por tudo o que já passei. Mas acho que não consegui, pelo menos não completamente. 

Percebi isso deitado num dos poucos momentos de calma e silêncio na minha casa: o fim da tarde de domingo. Quando todos estão cansados do fim de semana agitado, depois de muitas latas de cerveja, muitas partidas de dominó e pratos gordurosos no almoço as pessoas finalmente sucumbem ao peso de seus divertimentos e caem na cama, é ai que aproveito pra dormir com a paz que normalmente me é furtada. 

Pois bem, desculpe o devaneio, mas mesmo sabendo, e me lembrando bem, de todas as coisas que me aconteceram pelo descontrole dos meus sentimentos eu ainda não consigo controlar, não consigo deixar de sentir não uma ansiedade, como sempre o fora, mas uma tranquilidade em estar com você, em segurar sua mão, sentir o seu abraço apertado. 

É patético perceber que me apaixonei mais uma vez. A diferença é que, se não consegui evitar de todo, ao menos consegui segurar um pouco a intensidade do sentimento. Não sinto aquele incêndio que converte tudo em fogo, que abrasa o peito e reduz à cinzas as expectativas frustradas. Não, dessa vez é apenas um calor confortável, como o sol delicado que toca a pele fria, devolvendo-lhe a cor e vida. É assim que me sinto. 

Por isso sinto que nem tudo está perdido. Muito embora eu tenha visto esse sentimento nascido bem diante de meus olhos eu sei que tenho o poder, pelo menos, de impedir que ele cresça demais. Também estou de não alimentar esperanças, também estou firme no propósito de não me humilhar como antes. Mesmo que sinta, eu não deixarei me entregar mais uma vez, não serei tragado para as águas profundas das paixões que são como o mar revolto. Ou dessa vez eu consigo ficar na tranquilidade da praia, sem que nada me aborreça, olhando o mar e sua beleza, ou correrei para longe, o mais longe que puder. 

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