sábado, 19 de setembro de 2020

Meu oxigênio

"Um homem com o coração vazio, um livro em branco, a este coração agonizante você trouxe vida, como a luz no meio do inverno."

O comecinho da música tema de MY OXYGEN - The Series é mais do que capaz de mostrar bem o que acontece com uma coração frio que finalmente conhece o calor do amor. Apenas o primeiro episódio já foi suficiente pra me fazer suspirar, ficar contente com o coração quentinho e, quem sabe, até mesmo voltar a crer um pouco na beleza de um amor puro, inocente. 

Acho que não é nenhum segredo do quanto fico feliz quando conheço uma obra nova que me deixa assim, absolutamente fascinado, contando cada minuto da semana para o lançamento do próximo episódio, esperando ansiosamente por mais momentos doces, por mais sorrisos, por mais dessa descoberta do que é o amor. 

Um homem calado, que tem muitos pesadelos e que não gosta da multidão, assustado por fantasmas do passado e que finalmente encontra, num sorriso doce e num copo de leite morno, o que precisava para dar um sentido a sua vida, o que precisava para descobrir o que é o amor. 

Eu sei, sei bem que prometi a mim mesmo que não me iludiria mais com esse tipo de coisa, mas não posso fingir que minha veia romântica se foi dessa maneira. Talvez por não conhecer esse amor é que ele me fascina tanto. Talvez por só ter visto uma pequena sombra do que ele é que me sentido tão assustado, tão hipnotizado por ele. 

Solo e Gui me conquistaram desde o começo. A construção de personalidades simples, sem afetação exagerada, é de uma beleza tão cativante. Não é preciso fazer barulho, ser colorido demais, para ser belo, aliás, a beleza do amor está nos pequenos gestos, num sorriso que acalma, num toque leve no cabelo que diz "eu estou aqui por você" ou uma companhia numa noite difícil de chuva em que é tão difícil pegar no sono. 

Vi muito de mim em tela, o jeito fofo do Solo mostrar que não nega o quanto está apaixonado, ele sorri com ternura, os olhos brilham de admiração e dizem em silêncio que ele quer a companhia do veterano pra sempre, que sem o carinho e a doçura que fizeram ele dar ao calouro aquele copo de leite morno ele não poderá mais dormir em paz. Gui deu a ele a tranquilidade que faltava num coração agitado e machucado. O veterano que trabalha no café e confeitaria é sério mas está sempre sendo atencioso e preocupado em cuidar e ver o outro bem, feliz. É preciso muita delicadeza para ver nos olhos de alguém o quanto essa pessoa sofre e do que ela precisa pra se aquecer: um gesto de carinho que possa trazer calor ao corpo e ao coração. 

Quem é que, em sã consciência, não deseja algo assim? Quem é que nunca desejou um amor perfeito, nem que fosse para satisfazer uma tristeza daquelas que nos fazem ver o mundo cinza? 

Não é de se espantar que ambos se tornaram a razão da existência um para o outro, sem esse amor já não podiam mais respirar, não podiam viver sem seu oxigênio. E isso é o amor, não a dependência, mas aquilo que traz sentido, aquilo que torna tudo colorido mais uma vez. E também é calmo e compassado como a própria respiração, que leva vida a todos os órgãos e mantém o corpo em movimento, fazendo a vida avançar mais uma vez, mesmo quando a noite chuvosa de pesadelos parecia não ter mais fim. 

Eu sorrio com uma ternura imensa, ao perceber que sequer consigo escrever o quanto essa história me conquistou, o quanto essa visão do amor me encantou de tal modo que senti um sorriso verdadeiro, como há muito já não se via estampado em meu rosto, e um brilho olhar que eu jurava que tinha se apagado pra sempre. Sorrio tanto que uma pequena lágrima escorre, não de tristeza, mas de uma alegria tão doce que transbordou de meu coração e decidiu beijar o meu rosto. 

Sei muito bem que é uma história, e uma história linda, e que não posso me deixar iludir por ela de modo que fique novamente decepcionado quando perceber que no mundo em que vivo esse amor não passa disso: história. Mas ela ainda trouxe um novo ar ao meu coração que há tanto parecia ter parado de respirar. E me sinto bem com isso, mesmo sabendo que aquele que aqui me faz sentir bem assim não sente o mesmo. Acho que é um tipo de consolo saber que, mesmo não sendo para mim, o amor existe em algum lugar, e é ainda mais bonito do que eu sequer poderia imaginar. 

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