terça-feira, 5 de outubro de 2021

Certame

De novo eu vou partir do princípio escolástico da amizade, idem velle et idem nolle, querer as mesmas coisas e rejeitar as mesmas coisas como sendo o fundamento articulador de toda amizade, sendo aquelas construídas em cima de outros princípios, como a simples busca de fuga da solidão, como um arranjo que não pode se sustentar por tanto tempo. 

O Dilema do Ouriço ensina que precisamos sobreviver as dificuldades da proximidade e da distância se quisermos sobreviver, seja ao frio ou aos espinhos, mas a capacidade de adaptação é de grande importância. De qualquer forma pra isso exige uma decisão: aproximar-se e suportar os espinhos ou afastar-se e morrer no frio, ou o meio termo. 

Minha busca pela minha casta me indica que devo ir atrás dos valores dos Brahmin, valores eternos de superioridade intelectual e espiritual e isso, aliado a definição escolástica, me mostra que a situação atual da minha vida deve ser a de optar pela solidão, temporária, própria do estado intelectual em germe, até que eu encontre verdadeira companhia nessa lida. 

O medo da solidão é o que deve ser superado, em nome dos valores maiores aos quais almejo. 

Então, quanto a questão prática, o perdão, o suportar uma situação desconfortável, me parece que estaria forçando a me encaixar num lugar que, por definição, atrasaria minha busca de crescimento intelectual e espiritual, e eu quero crescer, sendo esse aliás meu único objetivo de vida. 

Racionalmente a resposta vem clara como a água de um lago límpido, mas subjetivamente é como uma forte correnteza por debaixo dessas águas claras. O fator determinante, portanto, é o da coragem. Terei coragem de dar esse passo sozinho, pois a vida de estudos é, acima de tudo pessoal, assim como a salvação da alma individual. Tudo depende, portanto, do que eu quero realmente, e acima de qualquer companhia ou riso, por mais prazerosos que sejam: eu desejo conhecer e, para isso, preciso me atentar apenas aquilo que diz respeito ao conhecimento, sem me deter a questões menores que me cegam e me desviam do sentido do dever. 

Os laços que devo criar são laços firmes pautados na verdadeira virtude, como São Bento e Santa Escolástica, São Francisco e Santa Clara, não relações humanas tão superficiais que se deixam desmoronar por namoros e intrigas. O que devo almejar é o melhor que minha alma pode alcançar, não apenas aquilo que as porções inferiores da minha alma, desejam. 

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