Não quero viver o dia de hoje, por alguma razão. Seja o tédio fruto do meu desemprego ou a crescente crise que se aproxima da minha família, eu não sei dizer ao certo. Já perdi a capacidade de dizer as coisas que vejo há muito tempo, tudo o que consigo fazer é descrever como me sinto.
Parece que as coisas vão se complicar ainda mais, e as questões familiares quando se tem uma família tão grande e irritada são sempre complexas. Mesmo que eu não esteja à frente, mesmo que as principais consequências não recaiam sobre mim eu ainda sinto os efeitos das ondas batendo no quebra mar, isto é, ainda sinto o respingar de todo o ódio e de toda a ganância e me pergunto: como meus pais sobrevivem a isso? De onde eles tiram essa força pra continuar dia após dia mesmo absolutamente tudo dando errado?
Eu queria experimentar dessa força, queria ser um guerreiro como eles são. Tudo o que eu consigo fazer é fugir e me esconder atrás da porta, estragar meu fígado com remédios e mais remédios e dormir quando eu deveria estar lá fora, lutando no lugar deles, lutando mais que eles, enquanto eles descansam em paz. Me sinto um lixo por isso, alguém que só consegue sentir pena de si mesmo sem realizar nada de substancial numa vida patética.
Consegue ver? Isso é um dia bom pra mim. Eu só não queria viver o dia de hoje, não é como se eu estivesse em crise como estava dois dias atrás, não é como se sentisse que o mundo está desmoronando, embora ele esteja, eu só não queria viver esse dia, eu só não queria estar aqui, e é mais fácil fugir pro mundo dos sonhos do que esperar alguma coisa acontecer, quando tudo o que acontece acaba piorando todo o cenário de algum modo, o mundo tendendo ao caos, pairando sobre um fundo de ordem que, no entanto, nos é inapreensível. É, isso define bem as coisas, e o sentimento de ser incapaz de apreender qualquer que seja a ordem desse universo caótico me paralisa, me torna depressivo e me faz ter vontade de simplesmente desaparecer ou, para simplificar, não ser.
Está tudo bem.
ResponderExcluirÉ o teu processo, é o teu tempo. Respeita.
Não seja, hoje. É teu direito.
Deixa teus pais terem oportunidade de mostrar seu amor, sua força, seu preparo. Permita, sem culpa.
Se dê a si mesmo todo o tempo que precisar.
Você corre o risco da vida te "atropelar", mas aí meu caro, seria outra história.
Estou querendo dizer pra você não piorar as coisas, só isso.
Só sobreviva mesmo, se não tiver outra opção. Se vc fosse meu filho (ou neto), eu só abraçaria e diria "chora mesmo, chora sim, chora o tanto que precisar". E poria pra dormir.
Outro dia, ao invés de dar enter eu deletei o comentário. Só uma coisa que disse e se perdeu que me incomodou.
Eu dizia que tem certas perguntas que não são para serem respondidas pra mim, mas são feitas só pra provocar reflexão, para serem respondidas somente para si mesmo.
Então te pergunto: Tua religião te oprime ou te liberta?
Por favor, não me responda. Uma pergunta dessa força uma resposta defensiva, elaborada, retórica. E a resposta só vai ser honesta se não for dada para mim nem para nenhum interlocutor - somente será honesta se for dada no recanto profundo de si mesmo.
Mas se quiser conversar comigo, pra ajudar a clarear...
Tenha uma boa tarde.
Gosto muito quando alguém lança um contraste sobre o que eu digo. Acho que com essa sensação de estar perdido quando alguém lança uma luz diferente sobre algo me ajuda a ver a coisa sobre outros ângulos e isso me ajuda muito a perceber que meu julgamento pode estar completamente errado ou, pelo menos, imperfeito como, aliás, por definição deve estar. Obrigado!
Excluir.. e o amor existe sim. Cazuza dizia que a gente inventa, é é isso mesmo, de certa forma. A gente se entrega e faz acontecer. E se for muito corajoso, como eu sou, a gente insiste, se entrega, luta e não aceita um não. E aí conquista. E continua lutando e se esforçando pra manter...
ResponderExcluir... já notou que a coisa mais apaixonante é um macho apaixonado?
Isso me faz lembrar não muito tempo atrás, quando eu mesmo era apaixonado. Acho que, mesmo triste por não ser correspondido nunca, eu era mais feliz naquela época do que agora.
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