sábado, 23 de outubro de 2021

Resenha - Don't Say No

Contem SPOILERS, prossiga por sua conta e risco!

Aqui no Brasil o anúncio dessa série gerou reações bem diversas no fandom BL, por ser mais uma obra da MAME (mesma autora de TharnType e Love By Chance) algumas foram bem negativas, apontando que a escritora teria uma tendência a romantizar assuntos abusivos e até criminosos, outros não gostaram do personagem Fiat, que apareceu na segunda temporada de TharnType e fez muita confusão e que agora protagoniza essa série e outros, finalmente, ficaram felizes por ver que esse personagem teria mais destaque e desenvolvimento agora numa obra só dele, claro que isso gerou uma certa comoção, fazendo com que Don't Say No já nascesse aclamada. 

Nós já tínhamos sido apresentados aos personagens principais em TharnType - 7 Years Of Love, Fiat, filho de uma família disfuncional que se sentia abandonado pelo pai e que encontrou em Leo, seu amigo de infância, um porto seguro em toda tempestade emocional que o problema de sua família trazia. Aqui temos um aprofundamento desses personagens, contando o que aconteceu depois dos eventos da outra série. 

Fiat (First Chalongrat, de TharnType - 7 Years Of Love) é um garoto apaixonado pelo seu melhor amigo, que finalmente se tornou seu namorado, no entanto, muita coisa aconteceu para que a relação deles chegasse até esse ponto. Até que se entendessem, Fiat saía com muitos caras, não escondendo isso de ninguém, como forma de provocar Leo a ter algum tipo de reação e também de superar a carência afetiva que ele tinha pelo relacionamento com o pai. 

Leo (Ja Phachara Suansri, de Until We Meet Again) acolheu Fiat em sua casa desde que eram crianças e o amigo havia se desentendido com a sua família. Ele sempre cuidou do amigo, emocionalmente instável, e mesmo gostando dele, respeitava os relacionamentos de Fiat, por mais que isso o magoasse. Após os eventos de TharnType nós vemos que ele finalmente teve coragem de se declarar e assumir o posto de namorado. 

A história se divide então em 3 arcos, muito bem desenvolvidos em uma temporada: o primeiro é o período de adaptação entre Leo e Fiat que, depois de anos de amizade, passaram a ter um relacionamento amoroso, o que causa algum embaraço em ambos como, por exemplo, o fato de que Fiat teme que Leo o ache tarado por querer sexo a toda hora e Leo sem saber como chegar em Fiat ou em dúvidas sobre sua performance, já que o outro tem bastante experiência com outras pessoas. 

O segundo arco é o da mãe de Fiat, que retorna depois de anos desaparecida, trazendo a tona antigos problemas da família. Fiat acha que sua mãe o abandonou e que seu pai não o ama, preferindo sua nova esposa e filha e, por isso, o relacionamento deles é extremamente delicado. Mais uma vez Fiat vai precisar se apoiar em Leo para conseguir superar as dificuldades e finalmente sentir-se parte de sua família. 

O último arco traz mais problemas ao casal que precisa lidar com duas criaturas de pouca luz que decidem provocá-los. Punn, uma garota apaixonada (ou obcecada) por Leo e King, seu rival no basquete e que usa o fato de que já teve um caso com Fiat para atingir o outro. 

Além disso temos o arco do casal secundário, Leon (Smart Chisanupong), irmão de Leo que retornou a Tailândia e, tendo fama de pegador, acaba se apaixonando por Pob (James Pongsapak) um estudante tímido, amante de gatinhos, que tem uma personalidade completamente oposta a de Leon e parece não querer se envolver com alguém com tanta fama. Eles aos poucos vão se conhecendo melhor e Leon percebe que agora só tem olhos pra Pob, encantado por cada detalhe do veterano. 

Em linhas gerais a série trabalha muito como eles lidam com a adaptação da mudança de relacionamento, especialmente ao passado "obscuro" de Fiat que agora namora o filho de um importante político. A forma como Leo lida com o seu amor é digna de admiração: ele faz de tudo para proteger seu amado e não se importa com o que os outros dizem dele, sempre colocando Fiat a frente de tudo. Fiat também, se dedica completamente ao outro, abandonando de vez a vida de farras e se esforçando pra ser o melhor possível para estar ao lado de Leo, que ele reconhece sempre fazer tudo por ele. 

A forma como a maioria dos problemas são resolvidos por meio do diálogo é um grande avanço em se tratando de uma produção tailandesa, onde os personagens geralmente apenas brigam e passam a se odiar. Leo e Fiat não só conversam como confiam um no outro e isso garante, graças a amizade de anos, que eles não tenham algo superficial, mas um relacionamento sólido, que resolve suas dificuldades por meio do diálogo, e as vezes na cama também. 

Fiat é frágil, muitas vezes inseguro e não consegue segurar os rompantes de raiva, Leo por outro lado é comedido e consegue acalmá-lo e fazê-lo sentir-se seguro e amado. Nenhum dos dois pode se imaginar viver sem o outro.

Esse é outro ponto positivo. As séries tailandesas geralmente são muito tímidas em mostrar aspectos reais de um relacionamento gay. Mas aqui não, eles andam de mãos dadas, se declaram em público, se beijam e fazem sexo no banheiro da quadra de basquete (quem nunca?). Sem medo e com uma química incrível First e Ja deram um show nesse aspecto, com várias cenas de amor bem construídas e bonitas de se ver e Smart e James também não ficam para trás, mesmo que com uma cena só. Ponto pra atuação dos rapazes e pra direção e preparação de elenco, muito bem feita. 

Falando em atuação First está em excelente forma, em quase todos os episódios ele lidou bem com cenas cômicas e dramáticas, que exigem bem mais versatilidade. Ja também surpreendeu, especialmente no penúltimo episódio ao passo que Smart e James deram um show de fofura até pegar a gente de surpresa com uma revelação no final de partir o coração. 

Por fim, a série soube trabalhar bem cada um dos seus arcos, conduzindo lentamente ao ápice, provando o relacionamento de Leo e Fiat e mostrando que o amor pode superar qualquer dificuldade e aceitar qualquer passado. Tudo isso regado a muitas cenas fofas e românticas de encher os olhos.

Nota: 10/10

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