quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Forma

Em busca de algo que possa me consolar, ainda que nada tenha acontecido pra me deixar triste, algo que possa me completar embora eu não saiba o quê falta em mim, algo que preencha esse vazio. Será alguém, alguma coisa, alguma experiência? Não sei dizer. O que eu sei é que há essa imperfeição fundamental, esse vazio que encontro bem no âmago do meu se e que me assusta desde meu primeiro pensamento. Há sempre esse medo a me espreitar, sempre essa sensação de que algo me falta, esse gosto amargo na boca. E eu não sei o que fazer. Fico perdido sem conseguir reagir. Não posso simplesmente ignorar e não consigo enfrentá-lo de frente também. Que inimigo é esse que me cerca por todos os lados e não me dá oportunidade sequer de enxergá-lo, eu o enfrento sem saber que forma tem, e as vezes penso que ele tem a minha forma, que sou eu mesmo a parte que falta em mim e apenas não me dei conta disso ainda. Que inimigo é esse que me faz apaixonar para apenas me cravar uma adaga de prata no peito expondo o vazio que há ali? É um vazio quase palpável, é esmagador e assustador. É tão grande que parece se materializar e tomar forma, uma forma que eu não consigo descrever, mas eu o sinto se espalhar ao meu redor, depois de transbordar do meu coração. Ele se espalha e me abarca e transcende infinitamente, um vazio sem fim, um abismo que olha pra mim no fundo dos meus olhos escuros, escuros como esse mesmo abismo. O que poderá me preencher, me corresponder, me completar? O que nesse mundo será a resposta para as minhas questões? Onde está a verdade que eu tanto busco? Haverá essa verdade em algum lugar? Haverá mais do que decepções e fracassos? Mais do que o terror noturno e a peste? Mais do que dormir para fazer os dias passarem mais rapidamente? Haverá vida de verdade como vejo nas redes sociais e como estampam as celebridades nas belas capas de revista? Haverá mais do que a minha mente confusa, meu coração partido e meu orgulho ferido? 

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