Por mais reconfortante que a solidão possa ser em sua liberdade, ela não me parece certa, apenas naqueles momentos que realmente precisamos do vazio e do silêncio para nos recompor. Mas estar rodeado de pessoas é o normal, é com o barulho dos outros que abafamos o barulho da nossa própria mente, seja do mais erudito ao mais tolo todos o fazem, variando apenas o grau de consciência com que fazemos isso, com que fugimos do pavor que é estar só, sentir-se só, com medo, absolutamente desamparado em toda sua vulnerabilidade.
Que fantasmas se escondem na sua solidão? Que demônios habitam a escuridão dos recessos da sua mente distorcida? O pavor pode dobrar até a mente mais sólida como se não fosse nada, e ele chega pra todos em algum momento.
E algumas vezes assumimos o posto de Fera, mantendo a Bela em cativeiro, com medo de que nos revelemos realmente bestiais em nossa solitária fortaleza. Assumimos a Fera na esperança de que a Bela encontre algo além dessa criatura dentro de nós mesmos, porque quando olhamos no espelho não vemos mais do que a fera, uma fera que grita e urra e seus desejos mais primitivos, uma fera que é a personificação da alma solitária em toda sua extensão.
Sou fera, sou monstro, sou atormentado constantemente pelo demônio, sou impulso e ao mesmo tempo calmaria, tempestade e brisa leve, uma equação irredutível demais, não posso, não consigo e não quero me encaixar.
Estou sozinho mas não é assim que queria estar, não é assim que as coisas deveriam ser, não me parece certo.
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