sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

Meus Dias Favoritos

Dias assim são, de longe, os meus favoritos. São dias de paz, dias em que eu consigo me sentir verdadeiramente tranquilo, com o coração se palpitar e sem inflamar-se, me sinto plenamente em paz. Eu me deito com os olhos tapados, a música lenta em altura ideal, a cama quente num dia frio como hoje, e adormeço. Adormeço profundamente por várias horas, levado ao outro mundo por altas doses de remédios pra dormir. Lá naquele lugar, que eu não me lembro onde é de tão profundo em mim, não chega o pânico, não chega o terror noturno, eu não sinto ansiedade e nem medo do futuro, não sinto nada, e isso é o melhor. Acordo revigorado, inteiro, como se nada faltasse, como se esse sono fosse, e é, o ponto alto da minha vida. Não consigo nem sequer encontrar outras palavras para descrever a paz desse estado, a tranquilidade dessa minha dopada candura, desse sono reparador que e devolve aquilo que o mundo me tirara. Naquelas horas eu recupero o que o barulho do mundo tirou de mim de modo covarde. Eu não sinto o vazio, é como se ele não existisse, e eu não sinto medo, é como se tudo se desfizesse numa nuvem que se torna cada vez mais densa e agradável, que vai abraçando e me levando pela mão até o paraíso. Acordo então, no fim do dia, ou às vezes no dia seguinte, completamente revigorado. 

X

Eu nunca tive uma boa autoestima, sempre fui muito crítico, e muitas vezes até mesmo injusto, comigo mesmo. Mas, desde que me dei conta do quanto eu engordei eu tenho me odiado num nível jamais visto. Queria muito poder usar aquele discurso de aceitação dos corpos como eles são mas a verdade é que eu acho lindo quem se aceita mas eu não consigo me aceitar assim, o meu ideal de beleza é real e praticamente inalcançável mas é ele que pauta o que eu quero, o que eu acho belo. Mas quando eu me olho no espelho e vejo que a cada dia estou mais distante desse ideal, me sinto um lixo, me sinto incompetente, me sinto absolutamente insuficiente. E isso é horrível. Olhar-se e se odiar por não ser como gostaria de ser. Eu só queria ser melhor e não que todos os aspectos da minha vida estivessem cada vez piores, e minha autoestima só piora tudo, jogando ainda mais lenha na fogueira em que eu mesmo me lancei. Por isso eu não quero me ver, não quero fazer uma maquiagem e tirar fotos, não quero me olhar no espelho nem mesmo quando escovo os dentes, quero fingir que não existo e, quem sabe, um dia eu deixe mesmo de existir. 

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