segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Até breve!

"Ó Senhor como é bom ser teu povo, ser Igreja e viver como irmãos! 
Pelo amor que nos tens eu te louvo. Por te dares a nós neste pão!"

Em alguns anos de caminhada na Igreja esse foi um dos trechos de música que mais me marcou, e ironicamente eu nunca o cantei numa missa. Mas ele reflete bem a alegria que eu senti ao começar a servir, e vem refletindo esse mesmo prazer através do tempo que brevemente passou. 

Ontem eu fui à uma despedida na Paróquia Sagrada Família no Jardim Ipanema, às vésperas da minha mudança para Santa Catarina, para um recomeço. Embora a minha conversão tenha se dado na Paróquia São Francisco de Assis, no Valparaíso I, foi no Ipanema que minha caminhada ganhou rumos mais certos. 

Foi lá que eu aprendi a viver em comunidade, e as dificuldades que isso significa, bem como as alegrias, como momentos assim. Me lembro de muitas, muitas mesmo, missas em que acabei extremamente cansado, dias sem comer, preparando celebrações por horas mas com a sensação de dever comprido numa bela missa ou em outros eventos, saindo de casa cedo e chegando de madrugada, maratonas de missas, formações. Me emocionei no batizado de um senhor de mais de noventa anos, chorei na missa de sétimo dia de um amigo do grupo de jovens, escutei broncas por deslizes, algumas questões sérias chegaram ao bispo, enfim, muita coisa. Vi muitos e muitos aspectos da Igreja ali. Conheci pessoas que dão a vida pelo mínimo dos trabalhos, pessoas que não entenderam bem o que estão fazendo ali, e outras que nem queriam estar, mas de todo modo estamos no mesmo barco, a barca de Pedro. 

Foram oito anos que passaram rápido, mas que renderam tantas e tantas experiências. Foi nessa pequena comunidade, que quando eu cheguei se chamava Quase Paróquia Nossa Senhora de Fátima (em transição do desmembramento da Paróquia São Maximiliano e criação da nova paróquia) que eu fui catequista, cerimoniário, leitor, coordenador, palestrante, secretário, músico, consultor e pentelho. Tive de estudar muito para conseguir fazer alguma coisa, desde servir o altar numa missa simples de semana só comigo, o padre e uma fiel até preparar uma Solene Vigília Pascal para mais de trezentos fiéis e com mais de 50 oficiantes entre coroinhas, cerimoniários, seminaristas e músicos. Foram muitas novenas, trezenas, tríduos, festas, vigílias, terços, batizados, casamentos, adoração ao Santíssimo Sacramento, faxinas na sacristia, eu nem consigo lembrar de tudo, mas tudo acabou deixando uma marca em mim. 

Essa marca é a prova de que a Igreja é o corpo de Cristo, e por isso não há nenhum problema quando digo que a coisa mais importante pra mim é a Igreja porque dizer isso é dizer que a coisa mais importante pra mim é o próprio Cristo, da qual ele é cabeça inseparável. Aprendi a amar a Cristo por causa da Igreja que a Ele me apresentou e, se posso fazer algo assim, digo como Santo Agostinho que não acreditaria no Evangelho se a isso não me levasse a Igreja de Roma. Foi por ver Cristo na beleza da liturgia e no esforço dos fiéis que eu vi a beleza de Deus e seu sacrifício por mim, e quantas vezes eu fui ingrato com Ele. Quantas vezes eu poderia ter feito mais e melhor e não o fiz, que ele me perdoe por isso. Mas o que eu fiz, desde que cheguei, foi com carinho, todo o carinho, mesmo que algumas vezes não entendesse o que estava fazendo. 

Agora carrego comigo essas lembranças, esse amor, as amizades, os sorrisos, os aprendizados e digo aos povo da Sagrada Família do Valparaíso: até breve!

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