terça-feira, 30 de agosto de 2022

Tensão e limites

Em Oh! My Sunshine Night o casal secundário, Phayu e Rain, interpretados por Noh e Peterpan respectivamente, tem chamado bastante atenção pela tensão que suas cenas passam. 

Embora tenham crescido juntos, Phayu é filho do mordomo da família de Rain e trabalha para eles como um tipo de motorista e assistente dos filhos, além de um emprego de meio período numa churrascaria. Rain o trata como um amigo próximo mas Phayu se recusa a aceitar isso, sempre se colocando na posição de servo e pronto a servir. Seu sentimento por Rain é nítido, e ele demonstra isso fazendo o seu trabalho com perfeição, se preocupando com o outro acima de tudo. Infelizmente ambos não conseguem ver um futuro em que fiquem juntos.

Phayu pra começo de conversa não se sente a altura do outro, e seu pai reforça isso com um discurso de que as coisas tem sua própria ordem que não deve ser quebrada jamais, ele vê seu sentimento com algo errado, e foge sempre. Rain também se sente preso ao compromisso de assumir os negócios da família, o que significa não ter tempo para um relacionamento e, futuramente, vai significar um casamento que envolva os interesses da empresa, no entanto, ele já age de modo a deixar claro para o outro o que sente. Como as repetidas vezes que dorme no quarto do amigo, o recorrente discurso de que Phayu deve agir conforme seu coração e não apenas seguir as suas ordens, na verdade ele quer dizer que que prefere que Phayu cuide dele porque o ama e não porque é seu dever como seu servo. 

Mas os limites que os outros colocaram sobre eles é pesado demais, seus pais praticamente extirparam deles a força pra superar esse fardo. Na viagem Rain deixa bem claro que tem interesse no outro, que foge mais uma vez e prefere se resolver sozinho no banheiro ao invés de ficar na cama com ele e dar vasão ao que sentem. Na noite anterior ele pensa bem antes de deitar na cama com Rain (que armou a situação) e, quando cede, sente uma tensão crescente ao ser tocado pelo outro. Ele luta constantemente contra o que sente e é uma tortura porque ele quer fazer o que for possível para ajudar seu mestre, não raramente confundindo seu dever com um cuidado e atenção especiais dos seus sentimentos. 

Essa visão melancólica de um relacionamento impossível mas que eles não conseguem ignorar pela força dos sentimentos é bela e traz em si o peso de uma experiência real: a de que muitas e muitas vezes apenas a força do que sentimos não é suficiente para superar as dificuldades ou, ainda, que o nosso medo de cruzar a linha nos paralisa a torna a coisa impossível. Em ambos os casos a dor de falhar é o que fica, além de um coração machucado e ferido demais para seguir em frente. Cada um disposto a sacrificar o próprio sentimento em nome do bem estar e do futuro do outro. Atitude nobre, sim, mas igualmente dolorosa. 

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