quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Angústia

Parece que o dia passou como se nada tivesse acontecido. E na verdade nada de especial aconteceu. Tudo o que se passou foram horas de um tédio profundo regado a melancolia e pensamentos mórbidos. 

Sinto como se tivesse um grande buraco bem no meio do meu peito. Um vazio enorme que não consigo preencher com nada por mais que eu tente. Esse vazio no entanto não é algo recente, porém vem ficando maior a cada dia e a cada nova decepção. 

É o vazio da minha existência que já não faz mais sentido existir. 

A água foi criada para saciar a sede. O fogo para aquecer. Os pássaros para voar e cantar, e no entanto eu não tenho razão para existir. Não há pessoas que dependam de mim, não tenho um cargo ou função de grande importância em nada e se morresse hoje, não faria diferença para absolutamente ninguém.

Não.

Estou enganado.

Tornaria a vida de muitas pessoas mais fácil. Meus pais não precisariam se preocupar com minha saúde, nem com me alimentar entre outras coisas. Meus amigos não precisariam me aturar e aqueles por quem me apaixonei não precisariam mais se preocupar comigo os incomodando. 

De fato eu me equivoquei em dizer que não não faria diferença. Na verdade minha morte seria para o mundo uma coisa boa. Como aquela doença incômoda, uma lepra, que mancha a pele e afasta a todos com um mal cheiro da podridão que se tornou meu coração e minha alma. 

Apenas continuo vivendo um dia após o outro sem ter razão para fazê-lo. Não coloco um fim a tudo pois sou deveras covarde demais para isso. E então eu continuo aqui, como um peso de papel, sem grande utilidade, sendo apenas um grandiosíssimo estorvo a todos. 

Não há mais o que sentir. Toda a dor que era capaz de suportar eu já suportei. Tudo o que restou foi meu corpo ensaguentado ao chão. Meu coração, se tornou dormente devido as sucessivas pancadas e até minha mente já não se importa tanto, graças a umas boas doses de vinho e Lexotan, diga-se de passagem. 

No chão meu sangue se espalhou, saindo de meu corpo, assim como meu amor transbordou de dentro de mim. Mas não foi amparado por ninguém, e este também se espalhou pelo chão, e se perdeu por aí. 

Não há mais amor, apenas dor. 

Apenas vazio. 

Não há mais nada.

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