segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Monstro na escuridão

Ultimamente tenho me escondido da luz do sol. Tenho preferido os locais escuros e silenciosos. Acho que as constantes crises de enxaqueca me acostumaram pensar melhor na vida quando estou sozinho assim.

Ou talvez existam motivos maiores para isso... 

Pode ser que eu prefira fugir e me esconder nesses lugares do que enfrentar os problemas que aparecem a luz do sol. Lá fora não há como me esconder deles e nem como fugir dos que me perseguem. 

Mas uma coisa deve ser notada, só os monstros preferem se esconder nos lugares escuros e isolados. Como os demônios que espreitam embaixo das camas das crianças para lhes perturbar os sonhos eu também me escondo para causar perturbação ao mundo. Ta, essa deve ser a comparação mais boba que já fiz, mas é assim que me sinto no momento. Um monstro que se esconde nas sombras, apenas esperando o momento certo para revelar-se. No entanto, minha revelação não se dará na forma de um susto ou um pesadelo. 

Penso que essa revolução será uma explosão! O momento em que eu finalmente não suportarei mais a indecisão e as dores que eu mesmo provoquei em mim. 

Aqui eu me sinto confortável para pensar em quem não devo. Para me perder em devaneios, para sonhar com meus mundos imaginários de realidade utópicas. Aqui eu posso imaginar um lugar onde só exista eu e você, e onde você me ama. Aqui não á tristeza, nem sinal da mácula primeira. Seremos só eu e você, por todos os séculos que ainda haverão de existir.

Imagine só: um mundo onde eu não precise mais me esconder na escuridão em busca da solidão. Um mundo colorido e iluminado por nosso próprio amor. Um mundo onde seu brilho ilumine mais que o próprio sol. Será que há alguma possibilidade de esse sonho se tornar realidade?

Me deixe em paz para sonhar, para chorar... Deixem que eu chore, pela minha sorte, e que eu suspire pela liberdade.

Eu preciso sonhar, pois a escuridão também é assustadora. Esconde perigos que eu nem sequer posso imaginar. Ou talvez o único perigo seja eu mesmo, que me tornei nocivo e venenoso para comigo mesmo.

E acho que já tem surgido efeito... Sem dúvidas. Já me sinto aproximar-me dos umbrais da mansão dos mortos, onde encontrarei minha anfitriã com uma grande abraço e palavras sobre o quanto esperei por aquele momento.

Mas por enquanto continuarei aqui, quietinho no meu quarto escuro. Sem vontade de sair a luz do sol, me escondendo dos meus fantasmas, esperando a hora certa para sair daqui...

Gostaria de ser um poeta, ou um compositor. Gostaria de através da poesia ou da música conseguir expressar minha dor. Gostaria de saber usar belas palavras ou os mais belos acordes pra expressar o meu amor. Escrever lindas poesias e lindas canções de amor. Nasceriam de minhas mão os mais belos sonetos e as mais apaixonantes sinfonias. Deixaria Shakespeare e Beethoven orgulhosos de seu jovem aprendiz. 

Mas eu só consigo escrever, e meu lamentos não são capazes de despertar nada além de tédio e pena. Não consigo fazer mais do que me lamentar num quarto escuro das desgraças que eu mesmo provoquei em meus sentimentos confusos e complexos. 

Quem dera de minha criatividade pudessem fluir um Requiem mais belo que o de Verdi, ou canções mais românticas que os Noturnos de Chopin. Quem dera pudesse falar do amor como Vinícius de Moraes ou Mário Quintana.

No entanto a boca fala daquilo que o coração está cheio, e ele transborda daquilo que há dentro de nós. E no momento, só há dor e rancor, tristeza, por isso é só sobre isso que consigo falar. 

Dor, rancor, tristeza, solidão.

Eu devo parecer uma pessoa extremamente dramática e vitimista, e de fato eu sou. Mas escrever sobre isso foi a única forma que encontrei para amenizar minha situação. Não resolve completamente, mas ajuda bastante.

Não nasci então com talento para compor ou poetizar. Apesar de ter uma visão romântica do mundo que me cerca eu também não levo muito jeito com as palavras. Embora me elogiem por alguns dos textos aqui escritos, só consigo ver esses elogios como uma demonstração de pena pela minha condição miserável.

Mas penso que, se contivesse tudo isso dentro de mim seria ainda pior... Eu estou deveras muito cansado. Fisicamente já cheguei ao meu limite, e mesmo sendo tão jovem já não tenho mais expectativas de futuro. Psicológicamente meu estado é ainda pior, estou afetivamente esgotado, como se tivesse usado de todas as minhas forças para gritar num quarto vazio, na esperança de receber alguma resposta, mas tudo o que consegui ouvir foi minha própria voz gritando em desespero para ser ouvida por um alguém distante.

Por isso eu fico aqui, no escuro, transformando os urros de minha fera interior em palavras de dor.

Quem sabe um dia algo aconteça e eu consiga transformá-las em palavras de luz e amor. 

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