segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Sem forças

Olho para dentro de mim e tudo o que consigo ver é uma grande nuvem cinza. Não consigo mais enxergar as cores do arco-íris, apenas uma triste melancolia dolorosa que me consome dia após dia. 

Olho ao meu redor e vejo que não sou o único a padecer de tal destino: outros sofrem como ou mais do que eu. 

Sofremos não por amor, ou no nosso caso pela falta dele, mas sofremos por não sabermos como lidar com a dor. Nos apegamos demais, nos apaixonamos demais, de tal forma que toda desilusão se torna um inferno na vida daqueles que ainda não sabem como se proteger dos danos alheios ao nosso coração. 

É irônico ver o quanto sofremos enquanto as pessoas que nos causam essa dor sequer pensam em nós. É uma realidade absurda que no entanto faz parte do nosso cotidiano. Sofrer de tal forma por pessoas que sequer pensam em nós é algo profundamente imbecil, e sabemos disso, mas não conseguimos mudar essa realidade. 

Acho que se pode dizer que nos especializamos em amores de mão única. Amamos demonstrando nosso amor, mas esse amor se perde no espaço entre nós e o outro, e portanto não consegue chegar ao coração dele. 

Infelizmente não temos força suficiente para mudar essa realidade. Ficamos impassíveis, sofrendo, choramingando pelos cantos sem nada fazer para deixar esse estado lastimável. 

Esse não é um texto motivador, que mostrará como sair dessa situação. Muito pelo contrário, é apenas o grito desesperado de alguém que não sabe mais como seguir com a vida, amando tento alguém que não me ama e sem forças para dar um basta nessa situação.

Quando conversamos com alguém sobre isso, nos dizem que precisamos de mais amor próprio, que precisamos aprender a dar valor a quem nos ama. Mas sabemos disso. Como bons amantes conhecemos bem a teoria do amor, no entanto a prática é bem diferente. Não adianta eu dizer ao meu coração para que ele ame A que também me ama quando ele insiste em amar somente B, que sequer se importa com minha existência. Na prática não há como mudar isso.

Nos tornamos então escravos de nossos próprios corações. Sem motivos para continuar a viver e covardes demais para por um fim a esse sofrimento. Ficamos apenas assistindo nossa vida caminhar em direção ao precipício. Sem forças para mudar essa realidade. 

Sem forças...

Parece que caminhamos rumo a uma morte iminente... Como almas cujos destinos já foram traçados. 

Sem forças...

Sem forças para lutar, para levantar e caminhar, para tomar novos rumos, para mudar a nossa vida... Estamos sem forças. Tudo o que conseguimos fazer é chorar, e desejar com toda nossa alma, com toda nossa vontade, com todo nosso coração que aquelas pessoas nos amem também.

Chegamos a desejar que coisas pequenas, que falem conosco, que nos deem um simples bom dia. E vamos mais longe, pedimos que se importem, pedimos que nos amem. No fundo tudo não passa de uma grande desespero motivado por nossa carência. 

Carência.

Talvez seja esse o motivo de tanto sofrimento. Colocamos em nossa cabeça que precisamos urgentemente de alguém ao nosso lado e fizemos disso uma prioridade, e a cada nova decepção parece que vemos nosso mundo desabar a nossa frente. 

Mas isso não é verdade, o mundo não vai acabar por conta disso. Apesar de tudo vamos continuar vivos. Mesmo que nossas lágrimas sequem e nossos corações se fechem para o amor definitivamente, continuaremos vivos. Mas as cicatrizes dessa dor permanecerão para sempre em nós. Independentemente do que façamos ou do que aconteça, e só poderão serem curadas no dia em que alguém nos abraçar tão forte que unirá novamente todos os pedaços de nosso coração partido. Mas isso também é só mais um devaneio. 

Eles não se importam. 

Ela não vai ligar para ele. 

Ele não vai começar a se importar comigo da noite para o dia. 

Essa é a verdade.

Fazemos parte do grupo condenado a cem anos de solidão. E como disse Gabriel Garcia Marques, "as estirpes condenadas a cem anos de solidão não terão uma segunda chance sobre a terra." Assim morreremos: 

Sozinhos. 

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