sábado, 19 de novembro de 2016

Deriva

Seria covardia da minha parte desejar nunca ter te conhecido? Seria covardia querer partir para bem longe a ponto de nunca mais ouvir falar de sua existência? Seria exagero querer desaparecer só para garantir que você nunca mais escute falar de mim?

Eu sei que deveria erguer minha cabeça, enfrentar esse sentimento de frente, sem medo, afinal, o quão ruim pode ser? Mas eu já senti tanta dor por saber que não há reciprocidade entre nós que não tenho mais coragem para nada disso. 

Para dizer a verdade já não tenho mais coragem para nada nessa vida. Tenho vivido apenas em função de continuar existindo. Os dias sem comer estão cada vez mais comuns e acho que minhas doenças avançam sem obstáculo dentro de mim, se tomar meu estado psicológico como critério para meu sistema imunológico. Isso se deve ao fato de que não há mais em mim razões para continuar a viver.

Sei que pensar na morte somente por conta da dor significa que fui mimado pela vida mas já cheguei ao meu limite.

Meus planos se mostraram tentativas débeis e infantis de viver com um mínimo de previsibilidade, mas se desmancharam como castelos na praia. 

Praia...

Numa praia muitos barcos foram abandonados, e já não levam mais ninguém a pescar... São os barcos dos sonhos que eu tinha, mas que eu deixei de sonhar... Abandonados eles vagam sem destino, esperando apenas o dia em que serão destruídos por algum tsunami, assim como meu coração foi destruído pelo tsunami de meu amor por você.

Assim como esses barcos também se encontram à deriva, eu também tenho vagado sem destino, desde que perdi a bússola que tinha, e que somente apontava para você.

Mas ela estava errada, não apontava para o Norte e sim para a Morte. 

Morte

Foi tudo o que consegui encontrar nessa minha viagem. Antes não tivesse embarcado, e tivesse permanecido onde estava, agora nem sequer consigo mais retornar. 

Não há mais caminho de volta.

Nem objetivos a serem atingidos a frente.

Não há mais nada.

Apenas incertezas. 

Mesmo agora eu ainda me pergunto: Será que você em algum momento pensa em mim? Será que ao menos por um segundo passou por sua mente a necessidade que tenho de você? Será que chegou ao menos a considerar a existência de um "nós"? 

"Perguntas cujas respostas eu já sei mais que finjo não saber, apenas por pura covardia. Pura ilusão... E apesar de toda desesperança, ainda la no fundo me resta um garotinho que acredita na remota possibilidade de que um dia você me ame como amo você.
s vezes em meio a toda essa loucura que é a vida,
eu paro e tento enxergar aonde o tempo está me levando.
É desesperador a sensação de ser um barco perdido,
sendo levado pelo vento. Não importa o quanto você tente remar, ou qual direção você decida seguir, o vento sempre te arrasta de volta pro mesmo lugar.
A sensação de ser uma criança chata e a vida nossa mãe. De estar de castigo e quando tentamos levantar a mãe vem e nos segura sentados nos chão, dizendo "eu mandei você ficar aí!"
Talvez exista algum sentido pra isso tudo e mais tarde a gente possa realmente entender. Talvez seja tudo isso uma mentira, e na espera de um dia entender tudo isso, chegue o nosso fim." 

(N.D)

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