sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Hipérbole

Tudo vai bem, todas as coisas do mundo cumprindo suas funções, todo o universo girando em perfeita harmonia... Até que um único evento é capaz de girar tudo de cabeça para baixo e fazer todas as coisas perderem o sentido e a razão. 

Eu consigo voltar ao meu estado normal, se é que esse adjetivo pode ser usado comigo, mas no momento exato em que cruzo com qualquer coisa relacionada a você tudo muda! 

Basta que eu veja seu nome numa rede social ou sua foto numa pasta qualquer do meu celular que tudo perde o sentido. Já não consigo mais me concentrar em nada, não importando o que eu esteja fazendo e toda minha mente é voltada para apenas uma coisa: você! 

Parece que o simples fato de olhar uma foto sua é capaz de me fazer esquecer do mundo inteiro, das mais belas paisagens dessa terra, e me fazem voltar a mente somente para a paisagem do seu sorriso. O seu olhar se torna mais profundo para mim que a mais estrelada das noites e o conjunto do seu rosto é mais belo que o jardim dos Elísios. Aliás as maiores belezas desse mundo não se podem comparar a sua. Acontece que até o Sol se torna pálido e sem cor perto de você. Com efeito, quando estou ao seu lado, o sol poderia até mesmo deixar de brilhar e eu ainda assim me sentiria iluminado e aquecido apenas com sua presença. 

E isso que posso aqui dizer é apenas um esboço do que realmente sinto por você. Apenas uma fração que consigo expressar em palavras. E como essa arte é limitada em se tratando de sua beleza... Mesmo com a quase dezena de textos que já dediquei a você eu ainda não estou sequer próximo de conseguir traduzir em palavras o que você significa para mim. 

A relação a que me refiro aqui é de uma dependência total. Assim como os homens precisam do ar e da água para sobreviverem eu preciso de você para continuar existindo...

Mas minha existência tem aos poucos se esvaído. A centelha de minha vida tem aos poucos se apagado por conta de tua ausência. 

Não me refiro a nossa distância física. Sei que ela apesar de dolorosa não é forte o suficiente para afastar as pessoas. Não. O que afasta as pessoas é a frieza no trato. A falta de reciprocidade. Essa sim cria entre as pessoas verdadeiros abismos. E mesmo ao seu lado, olhando em seus olhos, eu me sinto longe de você como um polo ao outro do mundo. Como se estivéssemos em dimensões completamente diferentes. 

Isso porque você não é capaz de sentir e entender meu amor e nem eu sou capaz de compreender e aceitar o que sente por mim. E isso nos afasta mesmo quando estamos próximos. E isso só torna a separação física ainda mais dolorosa. 

É como tentar segurar o ar. Impossível é tentar segurar você entre meus braços. Quanto mais eu tento mais você escapa por entre os dedos como a areia na praia... E mesmo que eu me abaixe novamente, não poderei jamais erguer a mesma areia mais uma vez. 

Talvez essa minha forma tão exagerada de te amar tenha sido a causa de tudo isso. Eu sou exagerado. Tudo o que sinto, digo e faço é no superlativo, levado ao extremo. Não consigo conceber uma ideia de neutralidade, ou melhor, de equilíbrio, em se tratando de você. Mas apenas um sentimento exagerado e transbordante é o que flui de mim como as águas de uma fonte que formam uma longa e mortal cachoeira. Um exagero de amor. Da mesma forma como essas águas podem ser belas a quem as olha, mas mortais para quem nelas mergulha, também o meu amor por você é algo hipnoticamente belo e ao mesmo tempo fatal. E eu não pensei duas vezes antes de pular e mergulhar naquelas águas que refletiam seu sorriso. É chegada a hora de eu me afogar em meu amor por ti. E as águas revoltas dessa cachoeira já me empurram para o fundo. Seu olhar gelado para comigo me afeta até os ossos e a corrente forte me impede de tomar qualquer atitude. É porque eu devo morrer. Devo perder-me aqui, nessas águas onde buscava te encontrar mas onde só achei a morte. 

Meu sentimento no entanto se recusa a morrer. Pelo contrário, a cada noite ele se renova e se reveste de uma nova esperança de que um dia você possa entendê-lo. Todas as noites ele se deita cansado e decidido a não mais sofrer, mas pela manhã essa vontade já se foi e ele só consegue me fazer pensar em você. E não é um exagero quando digo que não há um só dia em que não pense em você, em que não há uma só hora em que não sonhe com seu beijo, seu toque. 

Enfim. 

Não há um só momento em que não penso em te ter aqui comigo, ao meu lado, onde nunca deixaria que se fosse. Não há um só momento em que eu não deseje você. Mas como disse, há entre nós um abismo intransponível para apenas um de nós. A única forma de superá-lo seria construindo uma gigantesca ponte, que ligaria um lado a outro do universo e que seria moldada com base apenas no amor. 

Mas ao que parece não há amor suficiente. 

E com isso tudo o que posso fazer é me sentar do meu lado do abismo e observar você sendo feliz sem mim. 

Você longe de mim.

E eu longe de ti.

Será para sempre assim?

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