quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Cinza sombrio

Desculpe-me, mas não quero ouvir, não quero ver e nem saber. Não quero ter contato com seu ódio, com seu rancor, com o desprezo que vem alimentando do mundo, e que tem aos poucos me contagiado. Não quero ser intoxicado pelo seu sangue, que seu ódio transformou em veneno e que tem tentado me atingir. Eu não quero me deixar ser levado, poluído, tomado por esse rancor por tudo e por todos. Isso faz mal, isso me faz mal, e faz a você também, só que já não percebe mais isso, pois deixou-se levar pelo seu ódio e agora não há nada mais que você seja capaz de amar.

Desculpe-me, mas não quero ouvir, não quero ver e nem saber. Tentei mostrar a você a beleza das maravilhas da vida, tentei te mostrar as coisas boas que podemos sentir. Mas você não quis ver nada disso, preferiu fechar-se em sua própria podridão, fechar-se em sua própria aura de pessimismo, e dessa forma ignorar tudo o que o mundo tem a oferecer. Preferiu fechar-se ao amor, e entregou-se ao rancor. Deitou-se com ele e não mais há espaço em você, seja em sua mente ou seu coração, para o amor. 

Desculpe-me, mas não quero ouvir, não quero ver e nem saber. Eu tento olhar o céu e me maravilhar com a beleza das cores, tento aquecer o meu coração ao sol, e tento sentir o perfume das flores. Você olha o mesmo céu e se incomoda com a presença do mundo ao seu redor, apenas deseja o fim de todas as coisas, e a morte de todas as criaturas. Não consegue sentir, não consegue sorrir. E aos poucos também acaba por tornar opaco a luminosidade do meu próprio sol Tem tornado as minhas cores mais fracas, me contaminado e me pintado com um cinza frio, triste e solitário.

Desculpe-me, mas não quero ouvir, não quero ver e nem saber. Quero ver o mundo sendo belo como ele é. Quero amar as coisas que possam ser amadas, e amar as pessoas que merecem ser amadas. Quero sorrir, sentir o calor e o perfume das flores. Quero abraçar e ser abraçado simplesmente porque é bom, e não porque o meu ódio tem transbordado em lágrimas de dor e horror. Quero a felicidade de um mundo colorido, e a não a tristeza de um cinza sombrio. Não quero ver diminuído o valor e a beleza de um sorriso, de um abraço ou de uma bela canção. Não quero viver com toda essa podridão. 

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