sábado, 12 de agosto de 2017

Não é pelo saudosismo

Ano após ano vemos movimentos, grupos e pastorais nascerem e morrerem nas salas de reunião da Igreja Católica. Cada um com sua proposta, sua missão e sua linha de evangelização; É incontestável por exemplo a bela missão que iniciativas como a Pastoral da Criança presta no Nordeste ou a atuação da Pastoral Carcerária, que se ocupa com diligência em recuperar aqueles que vivem à margem da sociedade. 

Mais bonito ainda é ver aqueles grupos que caminham em plena concordância com a Sé de Roma. prestando serviço católico de qualidade, seja por meio de atuação pastoral no âmbito paroquial ou quem sabe até mesmo por meio das redes sociais ou nos meios de comunicação em massa, como a TV e o rádio. Infelizmente tudo que é grande demais acaba resultando em exageros, e é sobre isso que gostaria de versar sobre. 

O fato de muitas missões, por assim dizer, surgirem diariamente já deveria ser em si algo que atraísse a atenção das autoridades eclesiais, mas infelizmente isso não acontece e como resultado vemos grupos completamente despreparados, com visões completamente diminutas e muitas vezes heréticas da Igreja. É o que podemos constatar ao observar muitas das novas comunidades, cujos membros praticamente guiam milhares de fiéis em grupos praticamente protestantes sob a bandeira da Igreja Católica. Basta ir num show qualquer dessas bandas da moda e ouvir as pregações absurdas, repletas de pregações infantis, feitas para mexer com o emocional das pessoas que abaladas por suas palavras belas gastam seu tempo ouvindo suas músicas horríveis, e depois trazendo elas para dentro do seio da Igreja para obrigarem os cristãos de verdade a passarem horas cantando baladas românticas sentimentalóides que dariam diabetes até em compositores essencialmente românticos como Rachmaninoff ou Tchaikovsky. 

Engraçado notar ainda que os mesmos líderes despreparados, praticamente analfabetos teológicos, tenham um poder imenso de mudar a mente dos seus fãs mas não conseguem ensiná-los a amar a Igreja de verdade, apenas um simulacro pentecostal travestido de Igreja milenar. Oxalá se eles conhecessem a Igreja de verdade e levassem seus fãs a isso, mas muito pelo contrário, conseguem ainda incutir neles um ódio pela verdadeira fé católica, já que não a conhecessem, e o homem sabidamente teme e odeia aquilo que não consegue compreender. E não me surpreende então que os jovens tão emocionados com lágrimas aos olhos não consigam enxergar o verdadeiro valor da Eucaristia sem precisar de uma banda repetindo incansavelmente o mesmo refrão meloso até a exaustão numa solene adoração eucarística, onde Jesus, embora no centro do altar é ofuscado por sons gritantes e muitas grotescos, dignos de uma verdadeira roda de samba ou quem sabe de um terreiro de umbanda. 

Vemos então que os jovens que sabem de cor as letras profundamente tocantes dos artistas católicos semi-seculares são os mesmos que sequer conseguem rezar um Pater Noster ou uma Ave Maria em latim e ficariam horrorizados em descobrir que muitas de suas ações durante o sacrifício da Missa são mais do que dignas de reprovação, mas verdadeiramente sacrílegas. 

Temos então em mãos dois problemas iniciais, que são reflexo de um terceiro ainda maior: primeiramente o crescimento desordenado da dita nova evangelização, em que encontros e eventos se multiplicam sem controle e sem preocupação com a verdadeira doutrina e um crescente ódio pela Tradição. 

Claro, importante abrir um parêntese para salientar um crescimento também do movimento contrário, em que jovens buscam com afinco, e caminham com as próprias pernas, para conhecer os tesouros que Mãe da Verdade tem a nos oferecer. Mas infelizmente também é preciso dizer que esse crescimento é um tanto quanto desleal, pois para cada um que busca a verdade outros trinta passam a ignorá-la com afinco dogmático.

Não se tornou raro portanto aqueles que gostam, presam e buscam uma liturgia digna serem tachados como bitolados, retrógrados, tradicionalistas ou qualquer outro adjetivo vazio de significado que as mentes aporcalhadas dos protestantes de rosário na mão possam inventar. Mas ainda não chegamos a base do problema!

Sabemos que o homem é uma criatura sensível, e aquilo que sente através da visão, do tato, do olfato, do paladar e da audição é profundamente marcante em sua vida. Qual o primeiro sinal visível que difere uma igreja construída a dez anos de uma construída a cem? Até o mais leigos dos observadores vai perceber a simplicidade e a pobreza dos nossos templos. Bastam subirem paredes, pintar de branco e colocar uma cruz para as pessoas soltarem um "Ai que igreja linda!" a plenos pulmões. Coitados, não sabem o que é beleza de verdade e tampouco compreendem o quanto isso empobrece sua fé. Faça então o teste: olhe para uma sala vazia e diga o que sente. A resposta vai ser sempre vazia. Nossas igrejas estão vazias de beleza pois os adeptos desse modernismo maldito travestiu a pobreza evangélica de pauperismo liturgico que apenas consegue levar o nada aos corações dos fiéis. E vou além, desviam a atenção dos mesmos para a única coisa que eles realmente se importam em levar aos fiéis: eles mesmos.

Pegue então uma igreja branca, vazia, e coloque em seu centro um padre de casula vermelho sangue, na hora da consagração pegue uma hóstia pequena, da mesma cor das paredes do prédio. Quem vai aparecer mais? Jesus, com certeza né? Pois é. Continuemos então.

Quando queremos destruir algo mais forte do que nós, começamos pelas bases, pois sabemos que se atacar a cabeça ela estará bem protegida. Minando portanto as bases a cabeça se destrói. Ao que podemos perceber que Satanás está sendo muito feliz em sua empreitada de destruir a Igreja, atacando-a por suas bases, os fiéis, que estando em maior número do que os bispos, que deveriam ser as verdadeiras bases da fé apostólica, conseguem facilmente derrubar o conjunto todo. E isso não é de agora, começou justamente quando passaram a acusar a Igreja de ser exceder em suas posses e terras e de sustentar um culto que não mais tocava o coração dos fiéis por um culto que toca os corações dos fiéis com a brasa errada. 

Minaram a nossa fé, tiraram de nós os elementos sensíveis que nos conduziam ao supra sensível, nos deixaram a mercê de palavras, que como disse, penetram nossa mente e nossa alma, mas se as palavras que ouvimos não são a de Deus mas de líderes despreparados que apenas conhecem o seu desconhecimento o que será de nós? Destruíram nossos símbolos sob o pretexto do exagero, mas exageraram em retirar de nós aquilos que nos mantinha fiéis. Substituíram as canções profundas de sentido teológicos por musicas profundas em sentido romântico. Substituíam as orações por gritarias e barulhos que nada mais fazem do que abafar a voz do verdadeiro Espírito Santo em nós. Minaram a nossa fé, destruíram a nossa fé, e nos reduziram a bobocas que adoram repetir as balelas de pregadores que deveriam estar silenciados nos bancos das aulas de catequese, para que assim aprendessem algo de valioso que pudessem ensinar aos outros.

Não é então pelo latim, nem por um saudosismo inexplicável que lutamos por um retorno as tradições, mas por amor ao que foi vivido por tantos santos e santas e pelas coisas que ajudaram esses mesmos santos e santas a se tornarem o que são hoje: homens e mulheres que lutaram por sua fé e que ajudados pela Igreja foram conduzidos a Salvação. 

Não é preciso um esforço muito grande portanto para entender para onde vamos ao sermos conduzidos por pastores no caminho que justamente nos incute o ódio a fé verdadeira da Igreja.

Nenhum comentário:

Postar um comentário