quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Amor é ódio

Dentro de mim nasceu um sentimento que não sabia ser eu capaz de sentir. Dentro de mim nasceu um ódio profundo por alguém que deveria ser contada entre as pessoas que melhor compreendem o meu coração. 

Mas o meu coração não consegue compreender essa pessoa, e meu coração apenas decidiu sentir o que ele gostaria de sentir, e ao invés de se manter imparcial resolveu odiar, com todas as suas forças. É uma situação ruim, pois sinto que esse ódio não faz mal a ninguém senão a mim mesmo, e odiando esse alguém não mato a ninguém senão a mim mesmo. Esse ódio tornou meu sangue em veneno, e esse veneno não será inoculado em um outro alguém, mas apenas continuará a circular dentro de mim, aos poucos me conduzindo a minha própria morte.

Esse meu ódio no entanto não nasceu de algo feito por um inimigo, mas algo que veio de alguém de dentro de meu círculo mais íntimo, de alguém que um dia ousei chamar de amiga. E no entanto também não fui traído para assim odiar com tanta força. Meu coração é que insiste em sentir-se traído, e desse sentimento nasceu o ódio que agora me domina. Não há um dia sequer desde então que não venha a desejar a morte de tal pessoa das maneiras mais violentas possíveis. 

Não consigo mais pensar nela ao lado de pensamentos bons, mas apenas imagens grotescas me vem a mente. Apenas o seu grito lancinante de desespero, o seu medo a me alimentar, o seu arrependimento a encher meu coração de deleite. Como uma lâmina minhas palavras desejam cortar-lhe a gargante, e num golpe certeiro deseja ver sua cabeça rolar pelo chão embebido de seu sangue miserável. 

Tornei-me esse assassino impiedoso, não por ter derramado o sangue de alguém, mas por desejar fazê-lo no íntimo do meu ser. 

Mas nem sempre o sangue que quero derramar é o daquele monstro que despertou minha fúria, na maioria das vezes é meu próprio sangue pois passei a me odiar, passei a odiar o que me tornei e passei a odiar o que posso vir a me tornar. E esse é o padrão que me incomoda...

Ódio, ódio, ódio. 

Donde me vem tanto ódio?

Não quero odiar assim, não quero ser assim, não quero odiar assim...! Mas o que eu posso fazer? De que forma posso abandonar esse veneno que vem nascendo dentro de mim e parar de odiar? Se ao menos não conseguir substituir o ódio pelo amor, gostaria de ao menos não sentir nada. E então vivo agora com esse combate dentro de mim, ódio e amor lutando por espaço, ódio e amor lutando para me dominar. 

Ódio e amor lutam pelo controle de minha vida, e ódio e amor lutam para ver o que será de meu futuro. Ódio e amor lutam, e lutam, e lutam, mas nunca um deles sai verdadeiramente vencedor, Só temo que, quando um deles vencer, alguém de fato possa morrer...

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