segunda-feira, 28 de agosto de 2017

Ó Beleza tão antiga e tão nova

Tarde Vos amei, 
ó Beleza tão antiga e tão nova, 
tarde Vos amei! 

Eis que habitáveis dentro de mim, 
e eu, lá fora, a procurar-Vos! 

Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes. 
Estáveis comigo e eu não estava Convosco! 

Retinha-me longe de Vós 
aquilo que não existiria, 
se não existisse em Vós. 

Porém, chamastes-me, 
com uma voz tão forte, 
que rompestes a minha Surdez!

Brilhastes, cintilastes, 
e logo afugentastes a minha cegueira! 

Exalastes Perfume: 
respirei-o, a plenos pulmões, suspirando por Vós. 

Saboreei-Vos 
e, agora, tenho fome e sede de Vós. 

Tocastes-me 
e ardi, no desejo da Vossa Paz!

Gostaria de escrever uma bela reflexão sobre esse trecho tão belo das Confissões de Santo Agostinho, cuja memória hoje celebramos. Mas percebi que a erudição do santo doutor se expressou de maneira tão bela, tão íntima e tão pessoal que nada mais poderia ser dito que não ficasse à sombra de tais palavras. 

Só posso dizer que o encontro com Deus, quando da vontade d'Ele, não pode ser impedido, pode até ser adiado, pela nossa teimosia, mas nunca impedido. É ele quem vem ao nosso encontro, e nos interpola de tal maneira que não há como dizer não, não há como negar!

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