Tarde Vos amei,
ó Beleza tão antiga e tão nova,
tarde Vos amei!
Eis que habitáveis dentro de mim,
e eu, lá fora, a procurar-Vos!
Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes.
Estáveis comigo e eu não estava Convosco!
Retinha-me longe de Vós
aquilo que não existiria,
se não existisse em Vós.
Porém, chamastes-me,
com uma voz tão forte,
que rompestes a minha Surdez!
Brilhastes, cintilastes,
e logo afugentastes a minha cegueira!
Exalastes Perfume:
respirei-o, a plenos pulmões, suspirando por Vós.
Saboreei-Vos
e, agora, tenho fome e sede de Vós.
Tocastes-me
e ardi, no desejo da Vossa Paz!
Gostaria de escrever uma bela reflexão sobre esse trecho tão belo das Confissões de Santo Agostinho, cuja memória hoje celebramos. Mas percebi que a erudição do santo doutor se expressou de maneira tão bela, tão íntima e tão pessoal que nada mais poderia ser dito que não ficasse à sombra de tais palavras.
Só posso dizer que o encontro com Deus, quando da vontade d'Ele, não pode ser impedido, pode até ser adiado, pela nossa teimosia, mas nunca impedido. É ele quem vem ao nosso encontro, e nos interpola de tal maneira que não há como dizer não, não há como negar!
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