domingo, 27 de agosto de 2017

Resenha - Project S - The Series "SPIKE"

Ah, o poder que uma promessa quebrada tem de destruir um coração é grandioso, e os homens deveriam temer esse poder, pois das coisas que é capaz de fazer, poucas são tão cruéis quanto destruir um coração que um dia jurou confiar!

Esse foi o ensinamento que aprendi vendo um lakorn curtinho, de apenas 8 episódios, chamado Project S - The Series "Spike", mas que me surpreendeu bastante...

Pra começo de conversa eu fiquei sabendo dele num grupo de fãs de BLs no Facebook, e o pessoal tava eufórico em dizer que parecia muito com a linguagem dos que nós estamos acostumados, mas que não tinha temática gay, mas que viria antes de um outra série que teria essa temática. Acontece que a série é parte de um projeto (daí o nome) que vai mostrar equipes competindo em quatro modalidades de esportes, a primeira foi vôlei, depois vem Badminton, Skate e por fim Arco e Flecha. 

Bom, eu não estava realmente empolgado para ver pois justamente não me interesso por temáticas que não sejam BL, e em se tratando de esportes eu me interesso menos ainda, e apenas vi pra não ficar com a impressão de não ter perdido algo quando começasse a ver a segunda parte, cujo trailer deixou a insinuar que teria BL. Dito isto posso afirmar com razão que a série foi uma imensa surpresa, e superou todas as expectativas que eu não tinha. Sendo bem sincero, superou muito em qualidade vários filmes e séries que tenho como meus favoritos!

A primeira coisa a me impressionar foi o elenco. Eu só conhecia o Lerkcharoempoj Papangkorn que fez WaterBoyy - The Movie, e como esse é um dos meus filmes favoritos eu achei que seria interessante vê-lo tentando algo fora do gênero ao qual estou habituado. Pra ser sincero a propaganda em cima dele foi maior que a participação em si, e ele não é bem o destaque da série, embora seja responsável pelo pontapé inicial de todo o plot, mas teve pouco tempo em tela, e esse pouco tempo não foi lá muito impressionante, aliás, em comparação aos outros protagonistas a atuação dele é bem mais fraquinha, pois mesmo sendo muito bonito, não consegue expressar-se muito bem e ficamos sempre com a impressão de que ele não ta sentindo nada. Uma pena, porque ele é lindo!

Agora o mesmo não pode ser dito do resto do elenco. Caramba! Só tem gente talentosa e já no segundo ou terceiro episódio eles já tinham conseguido me conquistar completamente, e eu ficava desejando ver mais e mais. E como são poucos episódios, tinha de ver aos poucos pra não me exceder, e nem esquecer que ainda estou em pleno andamento do semestre letivo da pós, o que não me deixa com muito tempo livre. Enfim, voltando ao que interessa, o plot da série é até bem interessante:

"O time de vôlei da Escola Theppanya é o azarão do campeonato nacional sub-18. Liderados pelo técnico Moo, eles surpreendem e chegam à final do torneio, mas acabam derrotados pelos tetra campeões da Escola St. Sebastian. 

Depois da decepção, os membros da equipe fazem uma promessa de serem campeões juntos no próximo ano. Entretanto, por alguma razão, Singha, um dos jogadores do time, decide se juntar aos rivais da St. Sebastian, o que deixa Puen, o novo capitão da Theppanya, com raiva e determinado a vencer o campeonato. Junta-se a ele, o novato Than, rapaz esforçado, mas que enfrenta a oposição do pai no seu sonho de ser jogador de vôlei profissional. Enquanto isso, o técnico Moo, doente, pede que Win o substitua, mas o novo treinador tem uma vida turbulenta."

A minha primeira grande surpresa foi o Than, interpretado pelo gatíssimo do Mahayotaruk Thiti (ou Bank Thiti, para os mais íntimos). Mas não se deixe enganar, ele é mais, muito mais do que um rostinho bonito, lindo aliás! Ele literalmente me fez chorar várias vezes com uma história bem simples: queria jogar vôlei e o pai preferia que se esforçasse para ser médico igual o irmão. Muito embora o personagem seja simples, com uma motivação simples também, que era mostrar que poderia seguir o próprio sonho sem o apoio do pai, ele fez um trabalho incrível! Consegue ser fofo, engraçado e dramático num só episódio. Não imaginei que um ator tão novo, apenas 20 anos, conseguisse dar tanta profundidade a um personagem dessa forma.
Meu futuro marido, lindo!
Ele contracena diretamente com o capitão do time, Puen, o cara marrento que implica com o garoto novo que entra no lugar do amigo. Puen é interpretado pelo Wiwattanawarang Oabnithi (esses nomes me matam) e logo de cara eu não gostei do personagem. Vivia emburrado, se lamentando pelo amigo que foi embora e implicava com o menino novo só pelo fato de ele ter tentado entrar na escola rival antes de ir pra lá. Mas com o passar dos episódios ele foi amolecendo meu coração e eu fui entendendo os motivos que ele tinha para ser daquele jeito, e descobri com muita alegria que tratava-se de um personagem bem mais complexo do que aparenta ser. E a minha maior surpresa foi descobrir que o personagem deixa bem claro não ser hétero, o que sugere um final BL não mostrado mas muito plausível, pois até a personagem feminina que deveria lhe fazer par percebe que ele na verdade gosta de um menino.
A dinâmica desses dois começa bem clichê. Eles precisam se entender fora das quadras para melhoras o entrosamento no jogo e ganharem o campeonato, mas a série logo abandona isso pra focar na amizade que surgiu rapidamente daí. E claro, logo depois surgem as complicações, que só acrescentam em profundidade a série. 

Em resumo, eles conseguiram em pouco tempo aprofundar bastante um número considerável de personagens, sem perder a tônica inicial. Todos tem um motivo pra estar ali, e vão crescendo durante a temporada, e é ótimo ver como cada história contribuiu para o conjunto da obra.

Faço uma breve menção honrosa ao Imanothai Kawin que interpretou o treinador nada ortodoxo que desceu o murro num dos alunos e para a Sakuljaroensuk Apinya, a pobre gerente que foi promovida a treinadora quando o anterior foi demitido por motivos óbvios.

A música, como já estou habituado aos lakorns, não é lá muito primorosa, e tirando o encerramento e a parte incidental do último episódio eu quase nem percebi um trabalho musical muito primoroso.

Destaque para a fotografia, o roteiro e para a já citada atuação do elenco. As cenas são simplesmente lindas, e eles souberam captar bem os melhores ângulos não óbvios de cada um. As sequências dos jogos também ficaram bem naturais já que eles contaram com times profissionais fazendo as vezes de dublês dos atores que só apareciam em closes, e essa montagem também ficou excelente.

Só senti uma falta de um final mais redondinho, talvez seja minha veia poética de sempre levar a cabo todo e qualquer sentimento. Entendi que o diretor quis usar de uma visão mais leve dos objetivos finais, e dizer algo como "a vida dos personagens não termina no último episódio." Visualmente foi bonito de se  ver, mas queria um romance um pouco mais aberto, o que implicaria numa descaracterização da série, que é focada no time e não no romance. Ele existe e tá la, bem claro, só não explícito.

Pra fechar, é uma baita série, com uma baita história que te prende do começo ao fim, mesmo parecendo não ser tudo isso lendo a sinopse. É obrigatória pra quem curte personagens fortes, com objetivos fortes e força de vontade para seguir os seus sonhos. E obrigatória também para quem curte BL, afinal os casais lindos estão lá pra quem quiser ver, só não espere nenhum beijo ou abraço com musica emocionante de climax dos lakorns gays porque não tem, mas eles tão lá.

Agora a ansiedade me bate forte para continuar a ver a segunda parte, que vai focar numa dupla de primos que jogam Badminton, sendo um deles autista. Já me interessei de cara pelo beijão gay que tem logo no trailer e na descarada atuação fantástica do Leeratanakajorn Thanapob.

Um comentário:

  1. Bom dia, Gabriel. Bem legal seu blog, parabéns. Permite-me fazer dois comentários?
    Na verdade, o ator de Waterboyy (O Beam) não é tão famoso assim na Tailândia e o marketing da série não foi feito em cima dele. Acontece que os fãs internacionais de BL costumam dar mais destaque aos atores que fizeram BLs na hora de postar nas redes sociais, mas o fato é que ele ainda é meio desconhecido na Tailândia. Ainda. O Bank Thiti, que você gostou, ao contrário, é bastante popular por lá. Ele ficou conhecido por causa de Hormones.
    Outra dica: cuidado com copiar os nomes dos atores tailandeses do My Drama List. Esse site decidiu (não sei porquê) colocar os sobrenomes dos tailandeses antes dos nomes. Acontece que na Tailândia não se escreve assim, portanto os nomes dos atores ficam errados. A grafia certa é Thiti Mahayotaruk, por exemplo. O mesmo vale para todos os atores tailandeses.
    Abraços.

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