terça-feira, 12 de setembro de 2017

Palavras de estranhos

Hoje passeando pela internet sem muitos objetivos claros, além de simplesmente querer me distrair, encontrei esse textinho, que embora siga um padrão bem cliché daqueles que estão cansados de relacionamentos cansativos ainda assim, me encantou... As vezes nos deparamos com essas linhas que nos traduzem mais perfeitamente do que nossas próprias palavras...

Depois de um longo relacionamento e de ter conhecido algumas pessoas que não me agradaram tanto pelo modo que elas agiam, quanto pelo simples fato de não fazerem absolutamente nada. Hoje, é dentro do meu limbo que eu encontro paz e me sinto satisfeito. 

Ando com preguiça de me dispor e me despir pra alguém pela milésima vez, preguiça de começar do zero e ter que contar toda a minha historia outra vez, ter que voltar pro grande jogo das conquistas e planejar encontros. Ando com preguiça de conhecer alguém, enviar uma mensagem e ficar grudado no celular esperando por uma resposta que demora pra chegar e às vezes nunca chega, preguiça de reservar algumas horas da minha vida pra sair com alguém e no outro dia, ter que lidar com o sumiço da pessoa. Não tenho esperado mais resposta de ninguém e tenho tido pavor de responder alguém que não sejam os meus amigos. 

Dizem que ninguém consegue ficar sozinho por muito tempo, que viver ao lado de alguém, ter alguém pra cuidar de você é essencial na vida. Mas eu estou ótimo me cuidando sozinho e não acho que ficar sozinho seja o fim do mundo se você está sempre disposto a descobrir coisas novas pra manter o teu mundo maior e tua vida bem mais interessante. Eu não preciso de alguém pra me fazer rir, pra me dar um cafuné antes de dormir, pra me trazer café na cama e pra me apresentar bandas que eu nunca ouvi. Dizem que uma hora chega sua vez, uma dia o cupido acerta a flecha, em algum um momento o amor esbarra na gente e quando isso acontece, não tem pra onde correr. 

Não sei se fiquei desinteressante ou se me tornei mais exigente e maduro. Não sei se está cada vez difícil encontrar uma parceria real numa época em que os aplicativos de pegação, a falta de interesse somada a falta de tempo tem transformado as pessoas em seres totalmente desinteressantes pela apatia. O fato é que cheguei num momento que cansei de estar sempre disponível pras pessoas que cada vez mais parecem estar indispostas, cansei de tentar e de pensar em tentar mas acabar não tentando porque o interesse acabou antes disso. Cheguei no momento só meu - e talvez, você que está lendo isso também tenha chegado - isso não deve ser ruim se você se sente bem consigo mesmo e confortável pra fazer o que quiser, quando e onde quiser. 

Chega um momento que as pessoas vem e vão, vem em vão. Nada contagia, parece que nada é bom o suficiente pra ficar. Ninguém é capaz de te devolver aquele brilho no olhar que todo apaixonado carrega consigo, ninguém é tão bacana o suficiente pra te puxar do limbo. Chega um hora que o coração da gente pede paz. De tanto apanhar a gente cansa das pessoas, cansa dos joguinhos que elas fazem, cansa das relações. E então, tudo que a gente quer, é ficar sozinho. A gente passa por cada coisa, recebe tantas pedradas ao longo do caminho, coleciona mais algumas decepções e tapas na cara que quando a gente amadurece, a gente passa a exigir mais do outro sem nem saber se o outro já passou pelas mesmas estradas que a gente percorreu.


O mesmo se deu com alguns poemas de Augusto dos Anjos, que hoje me fazem companhia numa espécie de chá literário comigo mesmo. Diria também que me traduzem com mais fidelidade que minhas próprias palavras:

Canta teu riso esplêndido sonata,
E há, no teu riso de anjos encantados,
Como que um doce tilintar de prata
E a vibração de mil cristais quebrados.

Bendito o riso assim que se desata
- Citara suave dos apaixonados,
Sonorizando os sonhos já passados,
Cantando sempre em trínula volata!

Aurora ideal dos dias meus risonhos,
Quando, úmido de beijos em ressábios
Teu riso esponta, despertando sonhos...

Ah! Num delíquio de ventura louca,
Vai-se minh'alma toda nos teus beijos,
Ri-se o meu coração na tua boca!

Poucas vezes consegui me identificar completamente com obras desse gênero, talvez porque até mesmo na poesia a experiência pessoal transcende o poder das palavras de transmitir a sensação de pertença, ainda que seja pertença à desgraça. Mas as vezes acontece, de um estranho escrever palavras tão acertadas que poderiam muito bem terem sido ditas por nós, se possuíssemos a sorte literária de seus vocabulários e inspirações...

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