terça-feira, 5 de setembro de 2017

Juramento sob o túmulo

Hoje é o dia de uma pessoa especial, para muitas pessoas e também para mim. Talvez ela nem saiba mas em meu coração ela ocupa um lugar diferente, acima de todas as outras que conheço...

Me recordo que no ano passado esperei até a meia noite para enviar a ele um poema especial, que tinha escolhido e que expressasse o que sentia nesse dia. Fiquei muito tempo escolhendo o que tivesse as melhores palavras, para assim quem sabe tocar melhor seu coração. Mas não foi suficiente. 

Embora não tenha sido grosso ou mal educado eu sei que aquela poema não foi para ele mais do que um amontoado de palavras desesperadas por atenção, desesperadas em conquistar um coração que não poderia ser conquistado. 

Esse ano, motivado por tal constatação de que não poderia jamais chegar a seu coração, e levado por essa frustração eu resolvi não dizer nada. Darei a ele apenas o meu silêncio. Não como forma de protesto, ou para chamar sua atenção, mas apenas e unicamente para não me expor a nenhuma vexação e assim, aos poucos, ir me afastando dele de forma que, algum dia, já não me lembre mais dessas datas, já não fique triste pela distância que nos separa...

Não vou então escrever palavras doces de carinho e de desejo de uma vida longa e feliz, mas apenas ficarei em silêncio nesse dia, vivendo uma espécie de luto antecipado, pelo sentimento que neste dia eu me comprometo a enterrar tão profundamente que será totalmente desfeito pelo calor da terra, e não mais mantido pelo calor do meu coração. Sozinho então, como sempre estive e sempre estarei, me comprometo a terminar com a vida do monstro que eu mesmo trouxe a existência, e que não mais será motivo de horror para as outras criaturas que não compreendem a beleza dessa mesma existência.

Olho ao meu redor e vejo, que ninguém veio assistir ao enterro desta minha última quimera, somente a solidão tem me sido uma companheira inseparável...

Me desfaço da loucura que criei, e das esperanças que por meio dela alimentei. A essas eu não enterro, mas as lanço ao vento como areia, e espero que se desfaçam como tal, sem deixar em mim nem sequer um rastro de sua existência diabólica. 

Faço dessas palavras um juramento, de mais uma vez com minhas próprias mãos girar novamente a roda do destino, e esperar mais uma vez que sua espada caia onde não posso controlar, mas apenas a segurarei para enfrentar os inimigos que a mesma roda  irá enviar para me matar, mas não mais lutarei contra os demônios que eu mesmo concebi. 

Este é realmente então um dia especial, pois enquanto alguns comemoram a alegria de uma vida, eu enterro os sentimentos de uma morte, mas não qualquer morte, mas a minha morte. E ora, se o único inimigo a eliminar é a morte, não há mais contra o que lutar nessa vida, mas apenas na próxima vida que ao qual o destino me enviará. 

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