sábado, 30 de setembro de 2017

Conclusões de um dia frio

Fim frio do mês de setembro. Não saio de casa há dois dias, e quando saio, é apenas para levar um amigo na parada de ônibus ou dar uma palestra que havia me comprometido há tempos. Não há motivos para sair, não há vontade de sair.

A temperatura caiu nas últimas duas semanas, e os dias tem sido mais agradáveis desde então. Mas ainda assim não tenho vontade de sair. Na verdade quanto mais busco motivos para sair, mais quero ficar aqui, onde tenho o controle, sobre o mundo e sobre mim.

Mas há uma coisa que não há aqui. Um sorriso. Um sorriso especial e aquele sorriso, ah, esse eu nunca verei aqui. Não no meu mar de escuridão, não no meu mundo fechado. Mas não quero sair em busca desse sorriso, afinal sempre que me apaixono por um sorriso ele acaba se tornando uma lembrança, um ruído. 

A temperatura caiu lá fora nas últimas semanas, e a do meu coração também. Não busquei abrigo em quem me ama, mas apenas minha própria alma consolei. O meu próprio coração acariciei. E enquanto todos os outros trombam entre si no mundo, em busca de um não sei quê que tanto buscam, eu busco a paz e o conforto da minha tenra solidão. 

Já não é mais pesada, e nem dolorida, se tornou a minha amiga, e a ela tenho feito companhia. Companhia... Cansei de buscar por companhia, e essa palavra se tornou estranha para. Talvez tenha sido causa de tanta dor e horror ao meu coração que minha mente tenha decidido-se por esquecer-se dela. E que bem o fez... Já não busco por dor, apenas quero bem a mim mesmo, e pelo que vejo, na solidão que o terei...

Abro a janela e deixo o cheiro da terra molhada entrar. Uma brisa fria me acaricia a face e faz o meu cabelo balançar. Não tenho vontade de sair, apenas quero aqui ficar. 

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