sábado, 14 de julho de 2018

Da mediocridade

Sabe, é estranho olhar para si, seja no espelho ou numa reflexão noturna aleatória, e não se reconhecer, ou melhor, se reconhecer mas se recusar a gostar do que vê. 

Não gosto de quem me tornei. Não aprovo o lugar onde estou e nem as coisas que faço. Não me vejo fazendo nada de útil ao próximo, não me vejo sendo necessário, não me vejo sendo sendo alguém, me vejo apenas como algo menos do que um homem, mas que ainda insiste na forma humana. 

Tenho estado confuso sobre muitas coisas, e as outras poucas das quais tenho certeza, me machucam de tal modo que não consigo desejar outra senão uma reviravolta completa. 

A primeira coisa que me incomoda é a forma como tenho me afundado cada vez mais em coisas que não podem me dar senão dor e sofrimento. Todas e cada uma das coisas que explodiram na minha cara e deixaram um rastro de destruição no meu coração foram ali colocada por mim, e nem me atrevo a dizer que não sabia o que estava acontecendo pois tinha, e tenho, completa ciência de que as coisas podiam dar errado, e ainda assim insisti em cada uma...

Agora eu sou a pessoa que anda de cabeça baixa por aí, passando dias sem ver o sol, e desejando uma pessoa que, quando fala comigo, só me faz querer sumir e nunca mais olhar na cara dela. Me tornei covarde, incapaz de encara-lo de frente, e também incapaz de deixa-lo ir, ou de partir eu mesmo.

E não só com ele, estou preso não há uma, mas há uma dezena de pessoas que vieram, me machucaram e se foram, e cada uma dessas histórias passadas ainda pesam em mim como correntes de aço que me impedem de andar.  Esperanças que me cegaram até o momento em que a verdade me esbofeteou violentamente, mostrando-me seus tentáculos gelados, com os quais me golpearia até a morte.

Eu finjo que minha autoestima melhorou, quando na verdade eu apenas consigo dizer coisas que antes não dizia, mas continuo odiando o que vejo no espelho, e nem as tatuagens que se multiplicam em minha pele me fazem gostar do que vejo. Não tenho um intelecto passível de grandes melhorias, e sinto me aproximar de meus limites.

Não há nada em mim que possa atrair alguém, uma personalidade distorcida, fruto de uma mente perturbada, e um corpo desprovido de qualquer atributo positivo. O que esperar de uma pessoa assim que vá além de uma vida medíocre e patética ao extremo? 

Acredito que o pior seja ainda estar tão absorto em tudo isso que me tornei incapaz de mudar essa realidade. Me encontro paralisado, em parte pelas muitas pessoas que insisto em manter em meu coração e em parte pela completa desesperança que agora habita em mim. 

Não há como mudar.

Não há como melhorar.

Não há luz no fim do túnel.

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