sábado, 14 de julho de 2018

De uma tragédia real

Da noite escura à repentina esbofeteada da vida capaz de nos abrir os olhos a verdade. De verdades duras e frias, mas verdades. De mentiras doces que se vão como fumaça por entre os dedos. De mentiras inebriantes que no circundam como névoa. De todas essas coisas é feito nosso destino.

As mentiras nos amolecem, a verdade nos machuca. O covarde se esconde, atrás das cortinas, de suas palavras, de caixas vazias, de sangue remediado. Esperanças vazias, realidades mais cruéis do que nossas lágrimas são capazes de expressar.

Dor.

Abandono.

Tristeza.

Solidão.

Aquela voz sofrida, de quem tenta reunir as dores que lhe resta para enfrentar um desafio, quando os desafios já deveriam ter-se extinguidos e dado lugar ao doce conforto da velhice. 

Em algum lugar há alguém sendo abandonado nesse exato momento*, e não metaforicamente como costuma acontecer. Nesse exato momento alguém realmente anda sem saber para onde ir, onde se esconder do frio, da escuridão, da dor da incerteza, do horror do abandono. 

Palavras são incapazes de expressar a dor de um coração assim. A garganta seca parece ter sido alvo de pancadas, e já não há mais voz nenhuma, além de soluços descompassados. As mãos treme, o olhar lacrimeja e a perna vacila... É isso, contra a verdade cruel do mundo não há poesia que há romantize! Contra a verdade cruel do mundo não há amor que não se emocione.

~

Nota -  Me refiro a esse incidente absolutamente horrendo que me chocou barbaramente na noite do último sábado (13): Uma idosa de 63 anos foi abandonada na porta do Lar dos Idosos em Brusque

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