sexta-feira, 6 de julho de 2018

Grito e vergonha

Sabe, eu não quero mais escrever sobre você... 

Estou cansado, cansado de sentir tanto, o tempo todo, de pensar em você com uma frequência obsessiva e em troca receber apenas a solidão da sua ausência.

Silêncio.

Silêncio, silêncio e mais silêncio.

Já se tornou vergonhoso sequer pensar no quanto penso em você, e as até as palavras que nascem desses pensamentos me olham de maneira acusadora, como se apontassem o meu ridículo num espetáculo de circo, em meio a risadas. 

Acredito que até mesmo sofrer pela derrota da seleção brasileira para a Bélgica na Copa do Mundo da Rússia seja menos vergonhoso do que tornar a falar sobre você. Mas sobre o que escrever se meu coração apenas transborda de sentimentos por você? 

Isso porque em mim só há você. 

Não há poesia em mim que não seja sobre você e, por mais que tente, não encontro em mim nada que seja mais importante do que você. E isso está errado.

Tenho consciência de que as coisas não deveriam ser assim, de que não deveria pensar em ninguém dessa maneira doentia ao invés de pensar em mim mesmo, mas não há em mim forças e nem inspiração para pensar em nada que vá além de você. 

Silêncio.

Silêncio, silêncio e mais silêncio.

E os gritos começam!

Por isso minhas palavras me envergonham. Elas gritam em meu ouvido aquelas coisas que me recuso a ouvir: que meu amor por você nunca deveria ser maior do que o amor que tenho por mim mesmo, pois você nunca será capaz de me amar! 

Esse grito ecoa na minha mente até ser abafada pelos meu sonhos, pelas mentiras que eu mesmo criei e que alimento, mas que cresceram de tal modo que hoje me esmagam e me sufocam. E o grito passa a ser meu, um grito de socorro, onde da profundidade do meu próprio coração eu busco o resgate de um mundo onde consiga me amar, e onde enxergar e aceitar que para você eu sou um nada!

Gritos.

Gritos, gritos e mais gritos.

E as lágrimas caem.

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