quarta-feira, 18 de julho de 2018

Do horizonte

Descendo de uma montanha, correndo, minhas pernas se movem mais rápido do que meu pensamento. Tropeço em algumas pedras, escorrego aqui e ali, meu braço se arranha nas rochas que surgem repentinamente. 

Meu olhar? Não presta atenção ao chão acidentado em que corro, está fixo no horizonte. Fixo na luz brilhante que profusamente refulge em tudo o que meu olhar toca. Lampejos brancos, amarelos, laranjas, violáceos. A beleza daquele horizonte é tão hipnótico que quase sinto meu corpo flutuar, voando velozmente em direção a ele. Quero tocá-lo, quero alcançá-lo, quero de alguma forma chegar até ele. 

Os pulmões gritam em protesto, as mãos adormecem, o coração bate tão forte e tão veloz que sinto que poderia saltar de meu peito a qualquer momento, e sair correndo por si só. Cada célula do meu corpo, cada músculo, cada osso anseia por aquele horizonte, e meus olhos brilham já com as cores daquele l'arc en ciel que se abre como um canvas pintado pessoalmente pelas mãos de Deus, e colorido pelos anjos com as cores das asas das sílfides mais belas que já existiram e que já voaram naquele mesmo céu. 

Finalmente chego, não no horizonte, mas na campina de onde é possível vê-lo em todo seu esplendor, por sobre a copa das arvores, por sobre o cimo dos prédios e das torres, e ali, sozinho, apenas pra mim, aquele espetáculo silencioso se desdobra ante meus olhos, com a música do meu coração a tocar, e com as lágrimas da minha alma a derramarem-se na minha face ruborizada, na minha mão suja de terra, em meus pés calejados e ensanguentados. 

Ergo uma das mãos, como uma criança que tenta pegar o brinquedo acima de sua cabeça, e o arranhado se mostra mais nítido naquela luz. Não ligo pro quanto possa doer, só quero por um instante que seja, sentir que faço parte daquele universo de cores, luzes e perfeição!

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