quinta-feira, 26 de julho de 2018

De mentiras e experiências

Nietzsche disse que a vida sem música seria um erro. Um amigo disse que sem amizades, a minha entre elas, também o seria. Desconfio veementemente dessa afirmação, pois sei bem que, dentre as muitas amizades que há por aí, a minha não está figurando entre as mais importantes amizades. Não há em mim amarras que prendam os outros a mim, senão que há apenas correntes que me prendem aos outros. 

Pois bem, essas palavras ditas por meu amigo reverberaram em meu coração de forma seca, pois bem sei que, embora tenha se referido a todos nós, a minha amizade é para ele a menos importante, dentre todas as outras. 

Daí retiro algumas impressões. Como a calma resiliência em buscar não uma amizade que me faça feliz, mas um conhecimento superior, que supra as necessidades egoístas que tenho em mim de precisar sempre do outro. 

Retiro daí também uma estranha luz no fim do túnel que, espero eu, não seja outra ilusão a me cegar, disfarçando a lâmina afiada da traição com o véu puro da amizade. Essa luz se deu no momento em que as palavras de falsidade encontraram em meu coração a verdade, ao mesmo tempo em que palavras aparentemente sinceras entraram pelo mesmo caminho. Essas eu sou incapaz de julgar sua veracidade. 

Ao passo que, de um lado busco encontrar a saudável sinceridade por trás das palavras de mentiras, de outro temo me enganar novamente. Ludibriado pelo odor inebriante da pureza virginal, da branca imaturidade de um novo amor. Um novo amor? Quem o sabe que fim levará? 

A experiência certamente pode, e deve ser consultada, e admito que se não fosse pelas suas duras palavras de sabedoria e pela já constatada veracidade, não a buscaria. A experiência me pede cuidado, pede que caminhe lentamente pelas estradas desconhecidas. Que seja cuidadoso ao cruzar os umbrais de um castelo ainda obscurecido pela distância. Que não corra como antes, sem me preocupar em estar cruzando as linhas inimigas daqueles que desejam a minha morte. 

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