sábado, 29 de agosto de 2020

Espúria

Os limites da minha paciência estão sendo testados mais do que o normal nos últimos dias, e olha que sempre me considerei uma pessoa paciente, até mesmo indolente, por suportar doses anormalmente altas de burrice e ignorância por todos os lados. 

Não costumo dizer diretamente o que acontece comigo, senão que prefiro a linguagem poética e simbólica, mas hoje carece-me o perfume das flores, ao passo que tudo que tenho é o cheiro putrefato dos pântanos em que chafurdam a minha família.

Os ditos que moram sob o mesmo teto que eu parecem, há muito, ter perdido o mais básico do senso das proporções. Chegamos ao absurdo de considerar normal uma garota, nos dias de hoje, abandonar a escola antes de terminar o fundamental, sair todos os dias de uma semana chegando bêbada e sob efeito de drogas e namorar uma pessoa que foi presa em flagrante por assalto, tendo corrido o risco de ser morta como os companheiros na ação policial. Minha família, além de não se desesperar com isso que já deveria ser um absurdo pra qualquer pessoa com o mínimo de vergonha na cara, também não se espanta com a possibilidade de aceitar novamente sob o nosso teto tal bandida. 

Ao tentar abrir os olhos desses que parecem cegos ao bom senso e a toda noção de moralidade e decência, ainda sou taxado de intolerante. Isso significa que preferem, claramente, os desmandos de uma criatura flagrantemente depravada cujas obras não são mais do que realizações espúrias e francos testemunhos de estupidez e deficiência de caráter. 

Quando chegamos a esse ponto não há mais para onde descer, estamos abaixo de tudo quanto se pode considerar aceitável, somos já sub-humanos. 

Como então não se revoltar? Tenho muito me controlado para não explodir, ainda que não possa evitar de falar alto, quando parece que o tom normal já não consegue penetrar os crânios abatidos pelo cansaço da mais absoluta indolência. 

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